Diana Pires
Profissionais de saúde contratados para trabalhar no Samu durante a pandemia do coronavírus estão sem pagamento há dois meses. São 1,7 mil pessoas de aviso-prévio. Eles chegaram a alimentar uma esperança com a promessa de contratação feita pelo secretário de Saúde do RJ. Porém, esta admissão automática não vai acontecer.
Eles trabalham para a OZZ Saúde. A empresa foi contratada em março pelo poder estadual por R$ 166,5 milhões para operar o Samu na cidade do Rio por 180 dias.
A Justiça determinou a suspensão dos repasses à empresa atendendo um pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ). O pedido foi baseado em um relatório da Procuradoria da Secretaria Estadual de Saúde, que identificou indícios de irregularidades e superfaturamento da OZZ.
A Justiça do Trabalho já determinou que o estado deposite os salários para os profissionais. “O meu emprego era a minha única fonte de renda para ajudar em casa para poder sobreviver”, disse uma funcionária.Outra profissional, no serviço desde abril, desabafa.
“Eu não abandonei o barco, mesmo com toda a situação eu estou indo, para marcar presença no plantão, só por isso. Quando chegamos lá não temos ambulância. Por falta de pagamento também para os donos das ambulâncias. Elas foram recolhidas”, afirmou uma profissional.
Alguns dizem que não possuem mais dinheiro para ir trabalhar. “Eu não tenho condições de pagar passagem e alimentação do meu bolso. Não tenho como fazer 24 horas de plantão trabalhando de graça”, explicou
Os trabalhadores relatam dívidas e dificuldades para manter o sustento básico.
No dia 31 de agosto, a Fundação Estadual de Saúde, que é a nova gestora do Samu, anunciou um processo seletivo simplificado para novas contratações de profissionais em caráter emergencial e temporário. O secretário Alex Bousquet afirmou que todos seriam reaproveitados. “Nós não temos a intenção de trocar toda a estrutura. Até porque isso seria uma perda da qualidade do serviço. Nós pretendemos contar com todos colaboradores que estão lá e acrescer colaboradores”, destacou o secretário.
A Secretaria Estadual de Saúde disse que, no dia 3 de agosto, fez o depósito judicial de R$ 10,5 milhões para o pagamento dos salários dos funcionários do Samu no município do Rio de Janeiro e que fez o repasse ao Tribunal Regional do Trabalho depois que a Procuradoria Geral do Estado autorizou o pagamento. A secretaria também afirma que a abertura de um novo concurso foi determinação do departamento jurídico da Fundação Saúde mas, como são exigidos dois anos de experiência, os trabalhadores do Samu terão vantagens.
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