Diana Pires
A investigação contra o possível esquema de corrupção do governador afastado Wilson Witzel (PSC), denunciado pelo Ministério Público Federal, encontrou indícios de que o governo do RJ cobrava um percentual de 10% para repassar verbas do Fundo Estadual de Saúde a sete municípios do estado. O esquema, segundo a denúncia do MPF, foi revelado pelo empresário Edson Torres, em depoimento.
Segundo o MPF, 10% do valor repassado pelo Fundo teria que ser devolvido à organização criminosa, na qual o próprio Edson Torres era integrante do núcleo econômico.
Em setembro do ano passado, Edson procurou o então secretário de Saúde, Edmar Santos, para informar que não seria possível cumprir o coeficiente mínimo de aplicação de recursos da Saúde. Ao tomar conhecimento disso, o ex-secretário teria criado o esquema para distribuir R$ 600 milhões aos municípios através do Fundo Estadual de Saúde. O objetivo era conseguir que os recursos entrassem no cálculo dos valores a serem aplicados na área, como determina a Constituição.
Edson Torres admitiu participação nas negociações para divisão das verbas. E foi durante essa negociação que foi determinado que sete municípios repassassem 10% do valor recebido do Fundo. O cálculo do repasse de valores, de acordo com Torres, não foi feito de acordo com a proporcionalidade de cada um dos municípios:
Petrópolis
São João de Meriti
Paracambi
Itaboraí
Magé
Saquarema
São Gonçalo
Torres afirmou ainda que o dinheiro também ia para o Pastor Everaldo, figura importante no governo de Wilson Witzel.
Everaldo foi preso no dia 28 de agosto, na Operação Tris In Idem, da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República.
Witzel, desde então, está afastado do cargo por decisão do Superior Tribunal de Justiça. Após votação, o órgão manteve o afastamento do governador.