Das prisões desta manhã de domingo no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, a que mais causou indignação na própria família da parlamentar e de seu motorista assassinados foi do então chefe da Polícia Civil, o delegado Rivaldo Barbosa.
Rivaldo Barbosa recebeu as famílias de Marielle Franco e Anderson Gomes no dia seguinte ao crime. o ex-deputado federal Marcelo Freixo afirmou que a primeira pessoa que ele telefonou quando ainda se deslocava para o local do crime foi o chefe da polícia civil da época, que era Rivaldo Barbosa.
Em entrevista dona Marinete Silva, mãe da vereadora Marielle Franco e da atual Ministra de Direitos Humanos, Anielle Franco, afirmou que Rivaldo Barbosa neste primeiro encontro e em todos os outros prometeu a família “elucidar o crime”.
Mas segundo consta no mandado de prisão expedido pelo Ministro Alexandre de Moraes contra Rivaldo Barbosa, o delegado teria planejado o assassinato da vereadora, e parte do plano meticuloso seria garantir que as investigações sobre o duplo homicídio não se desenvolvessem.
O delegado Rivaldo Barbosa havia sido nomeado um dia antes do crime, para ocupar a chefia da Polícia Civil no Rio de Janeiro, cabe destacar que naquele momento a pasta da Segurança Pública estava sob intervenção federal, cujo interventor era o General Braga Neto e o Secretário de Segurança Pública era o General Richard Nunes, naquela ocasião fontes da polícia civil informaram que havia um relatório do setor de inteligência da Polícia Civil contrário a indicação de Rivaldo para o cargo de chefia.
Naquele período, Marielle Franco aprovou na Câmara Municipal do Rio de Janeiro o pedido de uma Comissão Temporária (Resolução Nº 9704/2018) para acompanhar os trabalhos da Intervenção Federal na segurança pública do Estado. A vereadora tinha uma trajetória na pauta dos direitos humanos, e levava o debate de segurança pública para a Câmara Municipal, na época em falas no plenário da casa ressaltava muito a importância de acompanhar o andamento da intervenção no Rio de Janeiro.
Marielle chegou a participar da reunião de instalação da comissão no dia 28 de fevereiro, onde foi eleita como uma das relatoras da Comissão, e na mesma reunião foi aprovado um cronograma de trabalho que envolvia a Comissão Temporária ouvir autoridades diretamente ligadas na condução da Intervenção Federal, entre elas estariam o interventor Gen. Braga Neto, o então Secretário de Segurança Pública Gen. Richard Nunes, o Ministro da Segurança Pública na época, Raul Jungmann, o Presidente do Senado Sen. Eunício Oliveira, o Presidente da Câmara há época Dep. Federal Rodrigo Maia, os comandantes dos batalhões da Polícia Militar, e o Chefe da Polícia Civil e delegacias titulares.
Entre os ouvidos pela Comissão Temporária que Marielle Franco era relatora e havia proposto, estaria Rivaldo Barbosa, nomeado para o cargo um dia antes do seu assassinato e que hoje foi revelado ter sido quem, supostamente, teria planejado o crime e recebido 400 mil reais para impedir as investigações.
Neste momento, Rivaldo Barbosa, e os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão estão sendo transferidos do Rio de Janeiro para a prisão federal da Papuda em Brasília, na Capital Federal, os três são acusados de serem os mandantes do assassinato da vereadora.
As defesas dos presos preventivamente neste domingo, alegam que todos são inocentes. Mas é aguardado o depoimento deles para entender a real motivação do assassinato da vereadora, diversas linhas são levantadas, desde as questões como a expansão territorial da milícia, questões fundiárias e até mesmo algo mais global como se fosse uma resposta do grupo dos Brazão à oposição em geral.
No contexto das investigações do assassinato de Marielle Franco, muitas autoridades passaram no comando do País e do Estado do Rio de Janeiro, inúmeras reviravoltas na condução da política de segurança pública marcaram o caso.
Foram quatro Governadores, o crime ocorreu no Governo de Fernando Pezão, que foi sucedido pelo seu vice Francisco Dornelles; em 2019 assume o Estado e encerra a Intervenção Federal o Governador Wilson Witzel, momento que ocorre a prisão dos executores, e um dia após Geniton Lages – que sofreu busca e apreensão hoje – é afastado pelo então Governador Wilson Witzel, fato de muita repercussão naquele momento.
Ocorre o afastamento de Wilson Witzel, e assume como Governador Claudio Castro, que ainda interinamente substitui toda a cúpula da polícia civil e das delegacias especializadas, incluindo a Delegacia de Homicídios da Capital, neste período as investigações não têm muitas novidades, somente em 2023 o crime é federalizado e hoje é a realizada a prisão dos supostos mandantes pela Polícia Federal, após decisão do Ministro Alexandre de Moraes.
A repercussão nas redes sociais das prisões de hoje é enorme, e dentre elas, das pessoas que exercem ou exerceram alguma função que pudesse ter gerência nas investigações, o ex-governador Wilson Witzel declarou em postagem na Rede Social X (antigo twitter) que as decisões a respeito da investigação sobre o caso Marielle poderiam ter lhe custado mandato de governador. Afirmação que Witzel já havia levantado em depoimento na CPI da Covid no Senado Federal, em 2021, e o Ex-Governador ainda se diz com a sensação de dever cumprido ao final da mensagem.