“Repertório N.2” propõe pensamento crítico sobre o mundo e reforça dança como prática de autodefesa – Povo na Rua
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“Repertório N.2” propõe pensamento crítico sobre o mundo e reforça dança como prática de autodefesa

Surgindo da busca pela compreensão de como cada corpo elabora a sua própria capacidade de se defender, “Repertório N.2”, utiliza da performance de dança como prática alternativa de autodefesa em uma necessidade política, emergindo do contexto violento da periferia carioca e do racismo estrutural que estigmatiza corpos pretos. Idealizado e protagonizado por Davi Pontes e Wallace Ferreira, o projeto é a segunda parte de uma trilogia coreográfica sobre a autodefesa de corpos pretos e estigmatizados.

 

O Projeto conta com espetáculo de dança, oficinas e roda de conversa. As apresentações serão  no Teatro Armazém, em São Gonçalo, na quarta e quinta-feira (16 e 17), às 20h e no sábado (19), às 19h. Na sexta-feira (18) o Galpão Bela Maré também recebe a montagem, às 17h30. E finalizando as programações da primeira etapa da temporada, na quarta-feira (30) terá apresentação na Cidade Universitária (EEFD – UFRJ), às 17h30 e logo após uma roda de conversa.  Já a oficina “Por Uma Prática de Autodefesa”, acontece no Teatro Armazém antes do espetáculo, na quarta-feira (16), às 16h. Gratuito.

Utilizando técnicas desviantes e informais, os dois idealizadores apostam em uma genealogia alternativa, subterrânea, de práticas autodefensivas, assumindo o compromisso de pensar criticamente sobre o mundo em que vivem. Nus em cena, eles propõem uma coreografia intransigente entre a intuição e o desejo de liberar o pensamento através da coreografia. A circulação deste espetáculo conta com incentivo  do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura  e Economia  Criativa do Rio de Janeiro, através  do Edital Retomada Cultural RJ2.

A trilogia iniciada em 2018, ganhou reconhecimento nacional e internacional, passando por lugares como Estocolmo, Suécia e Viena. “O Repertório N.2 continua lidando com a mesma questão de como pensar uma prática de autodefesa em dança, mas buscamos resolver isso de uma maneira completamente diferente, então essas práticas de defesa estão sempre se reformulando e criando outras práticas dentro desse mesmo sistema”, ressalta Davi, artista, coreógrafo e pesquisador.

Como um espetáculo político, a peça é fruto da inquietude dos idealizadores, Davi Pontes, artista, coreógrafo e pesquisador. Formado em Artes pela Universidade Federal Fluminense e Mestrando no Programa de Pós Graduação em Artes (Estudos Contemporâneos das Artes) e Wallace Ferreira, artista da dança, coreógrafo, performer, artista visual. Formado pela Escola Livre de Artes da Maré(ELÃ) e Escola de Artes Visuais Parque Lage, Graduando em Dança pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

“Em 2018, o então presidente começou a escalada presidencial e foi neste mesmo ano que eu conheci o Wallace. A partir disso, surgiu o interesse em compreender como cada corpo elabora a sua própria capacidade de se defender. Então o trabalho tem como princípio quase ético a ideia de autodefesa”, ele conta e completa: “Passamos a olhar para as nossas práticas da vida e entender como o nosso corpo se move e a partir desse movimento, como a gente consegue articular um pensamento em relação à dança”, frisa.

Com a dança correndo nas veias, o artista que junto com seu parceiro, já está com uma série de viagens internacionais de trabalho marcadas para o ano que vem, como Toronto, Suíça e Viena, destacam a importância da arte em suas vidas. “Eu sempre fui interessado na palavra ‘coreografia’. Para mim, a coreografia é uma palavra que está em disputa, eu penso nela fora do campo da dança, fora do campo do pensamento moderno em que ela foi criada, e dentro desse emblema da modernidade, assim tento articular-lá com a palavra defesa e com a palavra racialidade”, destaca.

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