Diana Pires
O delegado que investiga o caso de Valéria Muniz de Carvalho, Deoclecio de Assis, titular da 23ª DP (Méier), diz que há indícios de que a morte da mulher de 52 anos que foi encontrada morta após deixar o Hospital Municipal Salgado Filho foi causada por ‘situação violenta’.
Imagens de câmeras de segurança do hospital mostram a paciente deixando o hospital andando. Irmã de Valéria, Vânia Muniz conta que identificou hematomas no queixo, no braço e nas costas de Valéria quando foi reconhecer o corpo no IML.
“Ela estava com roxo abaixo do queixo, no braço e atrás. O hospital não deu informação (à família). Ela saiu pra morrer. Morreu no sábado e nós só ficamos sabendo na segunda-feira à noite. Não sabemos o que aconteceu, mas eu acredito no trabalho da polícia, que investiga o caso”, disse Vânia. Valéria Muniz de Carvalho, de 52 anos, aguardava uma cirurgia no calcanhar, após ter fraturado uma perna desde a última quinta-feira na unidade de saúde. Apesar da dificuldade de mobilidade, a mulher deixou o hospital no sábado de manhã. O namorado da paciente constatou o desaparecimento de Valéria ao visitá-la durante uma folga na segunda-feira.
Milton de Souza registrou boletim de ocorrência e foi notificado de que uma mulher com as características de Valéria havia sido encontrada morta no Cachambi, e seu corpo estava no IML. A última mensagem recebida pela família do hospital foi na sexta-feira (18). Familiares receberam informe por WhatsApp, dizendo que Valéria passaria por alguns exames. No fim de semana, não receberam notícias e estranharam. Milton foi à unidade na segunda-feira e foi informado de que Valéria havia deixado o hospital por conta própria.
Valéria deixou o hospital no início da manhã de sábado, por volta das 5h. Ela saiu da unidade caminhando pelo setor de emergência, por onde entram e saem os pacientes atendidos no setor. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, não há como distinguir se a paciente era do setor da enfermaria ou não, pois vários saem com imobilização. Segundo informações da 23ª DP (Méier), as investigações estão em andamento para apurar as circunstâncias do fato. Diligências estão sendo realizadas. A polícia aguarda o resultado do laudo pericial.
A direção do Hospital Municipal Salgado Filho lamenta a morte de Valéria Muniz e colabora com a investigação policial.
Segundo o hospital, Valéria era uma paciente lúcida e deixou a unidade sem autorização de alta, não havendo nenhum documento assinado. Ou seja, ela não solicitou alta a pedido, quando um termo de responsabilização por interromper o tratamento médico é assinado.
“O Salgado Filho tem sim controle nos seus acessos- há vigilantes em todas as entradas e saídas da unidade. A saída foi registrada pelas câmeras de segurança do hospital e as imagens já foram disponibilizadas para a polícia”, diz em nota. A direção do hospital acrescenta que se solidariza com a família nesse momento de dor. O namorado de Valéria, com quem a paciente morava, procurou o hospital no domingo e foi orientado a ir à unidade na segunda-feira para ser atendido pelo Núcleo Estratégico de Apoio às Famílias (NEAF), que deu todas as informações sobre o tratamento e saída da paciente.
“É preciso deixar claro que não há como impedir, em casos como a da Sra. Valéria, que o paciente fique internado contra a sua própria vontade. Há exceções, claro, como em casos de pacientes com doenças mentais ou que estejam desorientadas por conta de um problema de saúde ou idosos e crianças”, finaliza.