A Polícia prendeu, no sábado (19), o contador de uma quadrilha especializada em golpes contra empresas de planos de saúde. Anderson Pereira foi detido em Seropédica, na Baixada Fluminense.
Segundo o delegado Ângelo Lages, titular da 12ªDP (Copacabana) e responsável pela investigação, a ação faz parte da Operação Carência Zero, que já havia prendido Adriana Neves de Castro, apontada como chefe da quadrilha.
“Ele estava foragido desde o dia último dia 17. Depois que nós cumprimos mandados de busca e o de prisão contra Adriana a gente confirmou a participação dele como contador. Havia muita transferência bancária da Adriana pra ele, conversas sobre a formalização de pessoas jurídicas fictícias”, explicou Lages.
De acordo com investigações, em apenas uma empresa, a quadrilha causou um prejuízo de R$ 11 milhões. Eles são investigados pelos crimes de estelionato, associação criminosa e lavagem ou ocultação de bens e valores.
Entenda o esquema
A fraude simulava vínculos empregatícios em empresas de fachada, criadas exclusivamente para contratar planos de saúde empresariais. Em seguida, os seguros eram vendidos indevidamente para pessoas físicas, que não teriam direito de adquirir planos coletivos, que não têm carência para utilização.
Os planos empresariais são destinados à pessoas que estejam vinculadas a empresas, através de relação de trabalho ou estatutária. Dessa forma, só podem usufruir sócios, administradores, empregados e familiares. As investigações descobriram que, ao todo, a quadrilha abriu dez empresas de fachada, entre 2010 e 2023, que não tinham sede nos endereços informados à seguradora. A maioria foi criada em locais com numérica inexistente.
Investigações apontam ainda que o grupo criminoso também atuava em São Paulo.Em depoimento, alguns dos beneficiários das empresas investigadas relataram que adquiriram o plano de saúde para passarem por procedimentos médicos que não seriam cobertos por planos por conta do período de carência, como cirurgias bariátricas, partos e até remoção de tumor cerebral. Eles contaram ainda que faziam pagamentos de valores mensais à Adriana,
Parte do dinheiro era repassado ao filho de Adriana, como forma de ocultação patrimonial. Segundo a Polícia Civil, o grupo criminoso simulou o vínculo empregatício de mais de 800 pessoas. A mulher ainda criou uma “taxa de isenção de carência”, de cerca de R$ 3 mil a R$ 4 mil por cliente. Além de receberam todos os meses um percentual dos planos vendidos, ainda lucravam com a venda da carência. Em apenas seis meses de 2023, a quadrilha movimentou mais de R$ 2 milhões.
Nas eleições municipais de 2024, Adriana concorreu ao cargo de vereadora do município de Itaguaí, pelo União Brasil. Em um vídeo publicado nas redes sociais, ela se apresenta como uma mulher casada, mãe de um estudante de Direito de 20 anos e diz que sua jornada começou como corretora de planos de saúde, mas que realizou o sonho de abrir uma loja de roupas e uma clínica médica, e já atua há 14 anos como empresária. Ela não foi eleita.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos envolvidos. O espaço está aberto para manifestações.