O sargento Zaqueu de Jesus Pereira Bueno, réu pelo homicídio de Claudia Silva Ferreira, arrastada por uma viatura da PM por 350 metros na Zona Norte do Rio, foi preso na última terça-feira. Ele é acusado de ser um dos mandantes de dois homicídios cometidos, em junho passado, pela milícia que domina a favela do Quitungo, na Zona Norte do Rio. Segundo a denúncia do Ministério Público que culminou na decretação da prisão, o sargento Bueno “seria a maior liderança da milícia na comunidade do Quitungo, sendo o responsável por coordenar e ordenar os atos praticados na comunidade”.
A prisão do PM e de mais quatro integrantes da milícia do Quitungo foi decretada pelo juiz Gustavo Gomes Kalil, da 4ª Vara Criminal, na última segunda-feira. O mandado foi cumprido no dia seguinte. Bueno já está na Unidade Prisional da corporação, em Niterói.
De acordo com a investigação da Delegacia de Homicídios (DH) que resultou na denúncia, o sargento foi um dos mandantes dos assassinatos seguidos de ocultação de cadáver de Jhonatan Batista Vilas Boas Alves e José Mário Alves da Trindade no último dia 26 de junho.
Segundo a polícia, os homicídios aconteceram numa festa por conta de um racha na milícia: as vítimas não teriam concordado em se aliar com a facção do tráfico que domina a favela de Vigário Geral e a Cidade Alta, vizinhas ao Quitungo. Além do sargento, também teve a prisão decretada como mandante dos assassinatos Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, chefe do tráfico das duas favelas.
Bueno respondia pelo homicídio de Cláudia em liberdade. Além dele, o capitão Rodrigo Medeiros Boaventura também é réu pelo crime. Já os subtenentes Adir Serrano e Rodney Archanjo, o sargento Alex Sandro da Silva e o cabo Gustavo Ribeiro Meirelles também respondem por fraude processual, por terem modificado a cena do crime, removendo Claudia — já morta, segundo a perícia — do Morro da Congonha, em Madureira. Serrano e Archanjo estão reformados. Os demais seguem trabalhando na corporação.
Pelas ruas de Madureira
O crime aconteceu em março de 2014. As imagens mostram a mulher pendurado no para-choque do veículo apenas por um pedaço de roupa. Apesar de alertados por pedestres e motoristas, os PMs não pararam. Antes Claudia havia sido baleada no pescoço e nas costas em meio a uma operação do 9º BPM (Rocha Miranda) no Morro da Congonha, onde morava.
O processo judicial contra os PMs pelo homicídio e remoção do cadáver de Claudia anda a passos lentos na 3ª Vara Criminal da capital. Somente em março do ano passado — cinco anos após o crime — foi realizada a primeira audiência do caso, em que foram ouvidas testemunhas de defesa e acusação. A família de Claudia, cansada de conviver com a lembrança da mulher baleada a poucos metros da porta de casa, deixou a favela.