Condenado em março do ano passado a mais de nove anos de prisão – em regime fechado – por sequestro, cárcere privado, tortura e violência contra a mulher, o sargento da PM Daniel Deglmann, de 44 anos, segue nas fileiras da corporação e continua recebendo seus rendimentos em dia. Mesmo sem pisar no 16º BPM (Olaria), onde é lotado, ele já embolsou mais de R$ 107 mil dos cofres do estado em salários. O último contracheque do militar é de março. Naquele mês ele recebeu R$ 6,698.85, sem os descontos. Ele foi preso em outubro de 2019 preso pela Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Caxias.
Há quase dois anos tramita na Corregedoria Interna da PM um Inquérito Policial Militar (IPM) que pode resultar na expulsão do sargento da instituição. No entanto, até hoje ele não foi concluído. Atualmente Deglamann cumpre pena no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio. O PM está na corporação desde 2001.
Em dezembro de 2020, o policial recebeu R$ 6,698.85 de salário e mais R$ 6,698.85 de 13º. Meses antes, além de receber o salário, Deglmann embolsou mais R$ 26,795.40 de “Remuneração Eventual”, segundo o seu contracheque. Naquele mês, portanto, o PM recebeu do governo do estado R$ 33.494,25 bruto.
Em 2013, o sargento manteve por treze dias sua ex-companheira, uma jovem de então 23 anos, trancada na casa onde ambos viviam no Parque Pauliceia, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Durante todo tempo em que ficou presa em casa, a mulher foi espancada e dopada para não conseguir falar com seus parentes. O militar foi capturado por agentes da Deam de Caxias após o pai da vítima denunciar o caso à Polícia Civil.
Entre outubro de 2019 e março de 2020, o militar ficou preso na Unidade Prisional da PM, no Fonseca, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Entretanto, segundo a Polícia Civil, nem mesmo as celas impediram que o agora condenado enviasse recados a amigos de farda para que a vítima e testemunhas fossem ameaçadas. Algumas testemunhas chegaram a mudar de estado.