Será que no futuro o desenvolvimento tecnológico poderá recriar o sistema orgânico de uma árvore? A Amazônia, assim como a Floresta do Congo e demais áreas florestais do mundo, irão desaparecer? A partir desses questionamentos, o coletivo (se)cura humana apresenta, pela primeira vez no Rio de Janeiro, nesta Semana Mundial do Meio Ambiente, a performance “Corpo-Árvore”. A apresentação gratuita vai acontecer nesta sexta-feira (07/06), às 16h, no Sesc Tijuca.
Na apresentação, em um futuro distópico de colapso ambiental, sobreviventes da tragédia encontram a última árvore restante do planeta, completamente despedaçada. Em um ato de busca por salvação tentam fazê-la ressuscitar e produzir umidade novamente. Para isso, utilizam máquinas e tecnologias com o objetivo de recriar o seu sistema orgânico, originando assim uma árvore-máquina. Essa mescla de ser vivo e equipamento, deverá por meio de sua evapotranspiração, umidificar a vida ao seu redor e quem sabe restituir os importantes rios voadores que distribuem umidade pelo mundo.
“Corpo-Árvore” integra uma série de ações que o coletivo (se)cura humana vem realizando ao longo de sua trajetória de sete anos de “artivismo”, uma mescla de arte e ativismo. Pela primeira vez saindo de São Paulo e navegando para o Rio de Janeiro, o coletivo chega ao estado representado pelo videoartista e performer Flavio Barollo, pelo geógrafo Wellington Tibério, pela bailarina Malu Avelar e pelo biólogo e construtor ecológico Jeferson Rogério.
Para Flavio Barollo, “Corpo-Árvore” debate questões urgentes em um mundo que ruma para o colapso, e em que parte expressiva da comunidade tem apostado em saídas tecnológicas para se esquivar do problema e manter seu modo de vida. “A invenção desse país, que teve como base a exploração irrestrita da natureza, fez com que o Brasil perpetuasse esse projeto inaugural instaurado nessas terras com a devastação das florestas”, relata o artista.
Malu Avelar ressalta que “essa atitude colonialista ainda usurpa e devasta territórios originários e protegidos, acabando a subsistência dos povos. Precisamos vislumbrar o risco à nossa condição de existência para entendermos que existe um limite”, diz ela.
Já para Wellington Tibério, a performance é uma oportunidade de diálogo sobre o desenvolvimento do mundo e a relação com os elementos da natureza nas cidades. “Uma inconveniente realidade tem mostrado, cada vez mais, o nosso devido lugar de parte de um grande sistema. Há limite para aquele projeto que se instaurou aqui há 524 anos. Há limite para a ação humana sobre o planeta.”, pontua ele.
O (se)cura humana é um coletivo de criações artísticas artivistas ambientais, urbanas e aquáticas, fundado por Flavio Barollo (videoartista e performer) e Wellington Tibério (músico e geógrafo). Tem como seu foco de atuação as artes ligadas às questões ambientais, principalmente a abordagem que envolve a questão da água na cidade, tocando em aspectos como escassez/abundância, possibilidades de usos e técnicas de tratamento, contaminação. Recentemente, ampliando a discussão em seu trabalho acerca de ameaças de devastação de florestas, crimes da mineração, racismo ambiental e mudanças climáticas provocadas pela ação humana.
SERVIÇO
Performance Corpo-Árvore
07/06, às 16h, Sesc Tijuca (R. Barão de Mesquita, 539, Rio de Janeiro)
Classificação: Livre
Gratuito