Um pastor agrediu duas mulheres após discutir com elas durante uma pregação na Praça do Coqueirinho, no Engenho do Porto, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense. Segundo relato de uma das vítimas, o homem xingou e foi homofóbico com elas quando a confusão começou, por volta das 18h30 de segunda-feira (7).
Um vídeo publicado nas redes sociais mostra o momento da agressão. Na gravação, é possível ver o pastor Pedro Saturnino discutindo com Maria Júlia Lopes Ferreira, de 24 anos, próximo a uma quadra onde adolescentes jogavam futebol. Durante a briga, o pastor empurra Maria, que continua batendo boca com ele. Na sequência, Pedro dá diversos socos na moça e em sua amiga Thais Miranda, de 25 anos.
Em entrevista, Maria Júlia contou que passeava com a amiga e seus respectivos filhos, ambos de apenas 5 anos, quando o pastor começou a ofendê-las com xingamentos e palavras homofóbicas — alegando que elas seriam mulheres trans — por achar que a dupla usava maconha. No entanto, Maria alega que elas fumavam cigarro.
“Ele passou a gritar com a gente e eu pedi para parar porque nossos filhos estavam chorando, desesperados. Ele se alterou e me deu um empurrão. Nessa hora tudo se descontrolou, porque eu fui para cima dele. A mulher dele também veio para cima de mim e ficou apertando meu braço. Eu empurrei ela, pois estava me machucando, e aí ele me agrediu e também bateu na minha amiga”, relatou.
Ainda de acordo com a vítima, ela e a colega estavam de folga e no momento de lazer com os filhos. Traumatizada, Maria reforçou que ambas não conseguiram dormir e que estão à base de calmantes.
“Estamos arrasadas. Tudo aconteceu na frente dos nossos filhos. Ele ainda saiu dizendo que não se arrepende, que se tivesse que fazer de novo, faria. É muito triste a gente passar por isso na frente dos nossos filhos, em uma praça pública. Fomos agredidas covardemente por um cara que é o dobro do nosso tamanho”, lamentou.
Maria Júlia realizou um boletim de ocorrência contra Pedro na 59ª DP (Duque de Caxias). Segundo ela, a Polícia Civil informou que o caso não se enquadra na Lei Maria da Penha, já que o agressor e vítimas não têm um relacionamento. De acordo com o documento, a agressão foi registrada como lesão corporal.
“Fica uma sensação de impunidade. A gente não pôde fazer nada. O caso não se enquadra na [Lei] Maria da Penha e também não se configurou flagrante, porque a PM não chegou na hora que ele estava me batendo. Eles chegaram cerca de 30 minutos depois”, disse.
Por meio de nota, a Polícia Militar informou que não tem registro de acionamento para o caso. Já a Polícia Civil ainda não respondeu.
Pedro Saturnino costuma realizar cultos com frequência nessa praça. Em sua conta nas redes sociais, o pastor tem diversos vídeos registrando suas pregações no local. A reportagem tentou contato com a defesa de Pedro, que ainda não se posicionou. O espaço segue aberto para manifestação.