A pandemia é uma fatal realidade há mais de um ano na vida de todo mundo e apesar de aprendermos a conviver com esse cenário diariamente, nem todos os setores conseguiram se adaptar às novas relações que surgiram durante esse período.
Todo tipo de relação e perspectiva acabaram sendo afetadas no último ano de pandemia, especialmente entre os mais jovens, que encaram o que provavelmente ficará registrado nos livros de história como o maior desafio de sua geração.
Embora a gente ainda precise focar muita energia na solução de problemas práticos do dia a dia e desafios do tempo presente, questionamentos sobre o futuro após o fim da pandemia precisam ser feitos desde já, a fim de se preparar.
Alguns dados demonstram por quê é tão importante que essa reflexão seja feita imediatamente.
Durante a pandemia, 48,7% dos adolescentes do país têm sentido preocupação, nervosismo ou mau humor, na maioria das vezes ou sempre. Houve aumento no consumo de doces e congelados, bem como no sedentarismo: o percentual de jovens que não faziam 60 minutos de atividade física em nenhum dia da semana antes da pandemia era de 20,9%, e agora passou a ser de 43,4%.
Setenta por cento dos brasileiros de 16 a 17 anos passaram a ficar mais de 4 horas por dia em frente ao computador, tablet ou celular, além do tempo das aulas online. Além disso, 23,9% daqueles entre 12 e 17 anos começaram a ter problemas no sono, e 59% sentiram dificuldades para se concentrar nas aulas a distância. Estes são alguns dos resultados da ConVid Adolescentes – Pesquisa de Comportamentos, realizada com jovens do Brasil todo, de junho a setembro de 2020.
Já na pesquisa promovida pelo Conselho Nacional de Juventude (CONJUVE), um outro dado alarmante foi detectado: três a cada 10 jovens, quando perguntados sobre volta às aulas, declararam que pensam em não retornar. 52% não pretendem fazer o Enem, 17% estão indecisos e somente 31% pretendem fazer as provas; sete a cada 10 jovens estão pessimistas em relação à economia brasileira após a pandemia e metade dos respondentes consideram que o governo do país vai piorar um pouco ou muito um ano depois de a pandemia acabar.
“A cadência das aulas fica extremamente prejudicada. É preciso o dobro de esforço, como professora, para conseguir fixar um conteúdo”, salientou Ciana, professora do ensino médio. “A pandemia deixou os alunos mais dispersos e menos interessados”
Para ajudar nessa nova rotina de estudos, seis a cada 10 jovens consideram que escolas e faculdades devem priorizar atividades para lidar com as emoções (57%) e, cinco a cada 10 pedem estratégias para gestão de tempo e organização (49%).
“O desânimo e a procrastinação aumentaram muito durante a pandemia” diz Juliane, aluna do segundo ano do Educandário Cecília Pinheiro, em Itaboraí. “Temos muito tempo ocioso e isso é um problema”
Diante desse cenário, escolas e faculdades começam a pensar em soluções criativas e novas formas de se relacionar com o jovem e com os estudos, mitigando os efeitos causados pela pandemia e buscando transformar a perspectiva cada vez mais pessimista dos alunos. Esse deve ser um esforço de todos: pais, professores, instituições, empresas e governo.
Muitos alunos aprenderam na prática que, no novo modelo de ensino híbrido, ora presencial, ora online, parte de seu aprendizado estava ainda mais dependente de sua própria vontade.
“É preciso ter muita disciplina e psicológico para estudar durante a era do covid-19. A falta de saúde mental afeta muitos jovens a correr atrás do seu futuro”, confirmou Samara Teixeira Felix, estudante do terceiro ano.
Já João Pedro, que sonha em ser médico, destaca que o estresse aumentou muito, prejudicando seu desempenho escolar: “Parece que vivemos cada vez mais no limite, sempre estressados com alguma coisa”.
É notório que, com um vácuo na educação dessa geração, a desigualdade irá se atenuar ainda mais. É preciso promover a consciência no jovem estudante de hoje que em breve ele enfrentará um mercado de trabalho extremamente competitivo e precarizado, fragilizado por um período de pandemia intenso.
Nesse sentido, a Carreiras e Negócios do Brasil tem promovido uma série de conversas com os alunos do Educandário Cecília Pinheiro, que nos procurou preocupado com o futuro de seus alunos.
“É preciso fazer um trabalho que mude a perspectiva do jovem que hoje está às vésperas da formatura do ensino médio e se prepara para ocupar uma cadeira na faculdade e no mercado de trabalho.”
O investimento feito demonstra o interesse da instituição em qualificar cada vez mais seus alunos, impactando não somente em sua educação básica, mas formando-o para vida, em sua maneira de pensar e se comportar, transformando-os em cidadãos conscientes e certos de que precisam ocupar um espaço na sociedade.