Atualmente, cerca de 22,4% dos brasileiros são obesos, e a expectativa é que esse percentual salte para 41% em 2035. Entre as crianças, a situação também é alarmante: 6,4 milhões têm sobrepeso e 3,1 milhões são obesas. No mês em que se comemora o Dia Mundial de Combate à Obesidade Infantil Mórbida, a nutricionista Ana Claudia Nina Gomez de Araújo, do Hospital Marcos Moraes, explica como os pais podem ajudar a combater esse problema.
Para a especialista, tirar as crianças da frente das telas e incentivá-las a fazer brincadeiras ao ar livre é fundamental. Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) mostrou que, durante o isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19, as crianças, paradas dentro de casa, ganharam quilos a mais. “‘Excesso na comida, alimentos ultraprocessados e o sedentarismo contribuíram para o aumento de peso”, diz a nutricionista, que pondera que fatores genéticos, questões hormonais e até o uso de alguns medicamentos também podem influenciar na obesidade.
Para a nutricionista, pequenas atitudes podem contribuir para tornar os pequenos mais saudáveis. Uma delas é oferecer alimentos minimamente processados e naturais. Nada de resolver o almoço, por mais pressa que se tenha, abrindo um pacotinho de batata frita pronta, por exemplo.
“Alimentos como frutas, vegetais, legumes, grãos integrais, feijões, cereais, raízes, ovos, frutas secas, sucos integrais, chás, macarrão, castanhas, carnes e água devem ser os mais consumidos”, diz a especialista do Hospital Marcos Moraes.
Outro cuidado é controlar o consumo de alimentos de origem animal. Ainda que eles contenham nutrientes importantes, como as proteínas, é preciso prestar atenção. Eles não possuem fibras e podem ter excesso de gorduras não saudáveis, principalmente, carnes vermelhas. Pessoas com risco de doença cardiovascular, por exemplo, devem consumir com moderação devido à presença de gordura saturada, sal e colesterol. Com as crianças, não é diferente. Deve haver moderação.
Por mais esforço que pais e cuidadores façam, nem sempre é fácil convencer as crianças a mudar os hábitos alimentares já adquiridos. Uma das estratégias que Ana Claudia sugere é transformar o preparo da comida em uma atividade lúdica.
“Cozinhar a sua própria comida e chamar as crianças para participar do processo é um primeiro passo para comer melhor e com mais qualidade” diz.
A questão do exemplo também é importante. Não adianta querer que a criança coma maçã de sobremesa se os adultos estão se esbaldando com uma torta de chocolate coberta por muito sorvete.
“Além disso, evite que crianças e adolescentes comam em frente à televisão, ao celular ou ao computador, sem prestar atenção ao que estão comendo. Isso pode acarretar o consumo exagerado e facilitar o ganho de peso” diz.
Praticar atividades físicas regularmente também é uma estratégia fundamental no combate à obesidade infantil. E não é preciso investir em aulas de futebol ou esportes organizados em espaços fechados. Qualquer oportunidade para brincar do lado de fora é válida. Pesquisas mostram que crianças com mais acesso a parques e espaços abertos correm menos riscos de apresentar obesidade.
Os cuidados valem não só para dentro de casa, mas também na escola. Fique atento ao que seu filho consome quando está estudando.
“Os cardápios devem ser balanceados e com nutrientes importantes para o desenvolvimento das crianças. E precisam ser desenvolvidos por profissionais. Além disso, a criança em idade escolar deve receber uma adequada educação nutricional, para fazer a escolha correta dos alimentos e adquirir melhor qualidade de vida, e a escola pode contribuir sobremaneira nesse processo”, reforça Ana Claudia.
Os esforços e mudanças valem a pena. Segundo estudos, a obesidade infantil aumenta o risco de problemas de saúde, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e distúrbios psicossociais.