Menina de 13 anos realiza sonho de jovens com criação de biblioteca comunitária – Povo na Rua
         

Menina de 13 anos realiza sonho de jovens com criação de biblioteca comunitária

lua oliveira bibliotecas

Diana pires

Uma história de solidariedade capaz de comover qualquer um. Com apenas 13 anos, a jovem Raíssa Luara de Oliveira, conhecida como Lua, é a responsável pela biblioteca Mundo da Lua, inaugurada no ano passado, na comunidade Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, na Zona Sul da cidade.

Ainda este mês, Lua distribuirá livros na Comunidade Agrícola do Complexo de Manguinhos. A data será confirmada nos próximos dias.
Sua vontade de ajudar o próximo começou depois de visitar a Bienal do Livro, quando sonhou com uma biblioteca pública na comunidade onde mora. Para realizar o sonho lançou uma campanha na internet e em menos de 20 dias conseguiu mais de 2 mil livros.

“Na Bienal, eu observei que as crianças que vão até lá, muitas de escolas públicas, ONGs, não tem dinheiro para comprar livros. Saí de lá muito triste e decepcionada, pois, eu via que eles queriam comprar mas não tinham como. Fiquei pensando em uma forma de ajudar a minha comunidade a ter acesso à leitura e foi quando tive a ideia de montar uma biblioteca comunitária”, contou.

Para realizar seu sonho, Lua teve uma atitude inusitada, mas que deu o resultado esperado. Ela pegou o telefone celular da mãe e mandou uma mensagem para Vânia, vice-presidente da Associação de Moradores dos Tabajaras, local que poderia abrigar a biblioteca. Lua precisava dar credibilidade ao seu projeto com a mensagem em nome de um adulto.

A estratégia para convencer a mãe e a vice-presidente funcionou! “A Lua é uma criança que quando quer uma coisa ela corre atrás. Eu tinha certeza que seria um grande sucesso a sua ideia”, disse Fátima Oliveira, mãe da jovem. “Vânia, a presidente da Associação de Moradores, me cedeu uma sala e eu gravei um vídeo e coloquei na internet esse vídeo viralizou”, disse Lua.

Além dos 2 mil livros conquistados inicialmente, sua biblioteca também ganhou estantes, quadros, TVs, computadores e impressoras.
O sonho da pequena Lua sensibilizou muita gente e as colaborações vieram de diversas formas. A presidente da Associação de Lojistas do Shopping, Eder Lamar, moradora de Copacabana, por exemplo, espalhou seis caixas de doações para concentrar em um shopping do bairro os livros doados. “Se não fosse esta mulher, eu acho que estaria já um bagaço. Ela pedia aos funcionários para recolher tudo, levar até a kombi. Se ainda estou conseguindo ficar de pé é porque ela me ajudou muito”, diz Fátima.

Em menos de um ano, o sucesso foi arrebatador e dos 25 mil livros que ela recebeu, doou mais de 15 mil para a criação de outras salas de leitura como em Santa Tereza, na Cidade de Deus, em Duque de Caxias, Projeto Nós por Nós, em Manguinhos, Projeto Patricia Silva, em Imbariê.

Também foram doados 5 mil livros para a Sala de Leitura João Pedro, em Niterói, que inaugurou na última quarta-feira. Em uma forma de homenagear o adolescente João Pedro, de 14 anos, que foi morto no início deste ano, na comunidade do Salgueiro, o novo espaço de leitura recebeu o seu nome. No dia da inauguração, seus pais e primos estiveram presentes, como uma forma de honrar a memória do menino.
E em dezembro será a vez do Jardim Gramacho, no lixão, ganhar sala de leitura para os moradores da região.

O projeto também envia livros para uma biblioteca e uma colégio público no Espirito Santo. No início da pandemia do novo coronavírus, Lua em vez de vez de livros resolveu fazer uma campanha na internet pedindo doações de alimentos e produtos de limpeza. Mais uma vez Edi Lamar abraçou a campanha e mandou ofícios para supermercados, hotéis e empresários, pedindo ajuda. No primeiro dia de coleta a campanha recebeu 30 cestas básicas doadas pela ONG Corrente do Bem.

Sempre pensando no melhor para sua comunidade, Lua começou a costurar máscaras de proteção para doar. Em outro projeto conseguiu trocar mil máscaras por mil quilos de alimento. “Para Lua, isso é uma grande brincadeira. É o que ela ama fazer! É na biblioteca onde ela recebe os amigos, corre e brinca. Antes da pandemia ela também fazia aula de dança e de teatro no local. Mas que bom que agora essas atividades vão retornar aos pouquinhos”, contou orgulhosa sua mãe Fátima.