Marielle Franco: assassinos receberiam terrenos como pagamento! – Povo na Rua
         

Marielle Franco: assassinos receberiam terrenos como pagamento!

Segundo o relatório da Polícia Federal tornado público neste domingo, os irmãos Brazão teriam oferecido a Ronnie Lessa terrenos de uma invasão que eles planejavam realizar em uma área que começa na comunidade da Chacrinha, na Praça Seca e seguira até o bairro de Vila Valqueire. 

Lessa afirmou em depoimento que além dos terrenos, o acordo com os mandates do crime envolvia ele comandar o território como braço armado, controlando os serviços típicos da milícia, como fornecimento de gás, gatonet, e as taxas que moradores e comerciantes são obrigados a pagar. 

O planejamento dos criminosos era calculado, como o local a ser invadido é uma área de mata que começa na Praça Seca e vai até parte de trás de condomínios de classe média alta de Vila Valqueire, havia um acordo que nesta parte seriam construídos condomínios e os lotes de terrenos não poderiam ser vendidos por menos de 100 mil reais, para que o local não virasse favela. 

Para os investigadores da Polícia Federal a empreitada pra Ronnie Lessa era interessante, embora o matador de aluguel circulasse entre milicianos e fosse bastante conhecido e respeitado no submundo do crime no Rio de Janeiro, não tinha um território que dominasse e naquela época havia sido expulso do Rio das Pedras pelo ex-capitão da PMERJ Adriano da Nobrega, tendo prejuízo no negócio de academias de musculação que tinha naquela localidade.

A Élcio Queiroz, Ronnie Lessa havia prometido 7 lotes neste local para que ficassem em silêncio na prisão, porém ao saber que Élcio havia realizado o acordo de colaboração premiada, e rompido o pacto de silêncio, Ronnie Lessa decidiu falar também, de acordo com o relatório do Polícia Federal. 

O relatório não traz uma definição única para a motivação do crime, mas um dos elementos que os executores relataram em seus depoimentos é que a decisão final dos mandates por bater o martelo, e ordenar a execução da Vereadora, teria sido por ela trabalhar contra a aprovação de um Projeto de Lei de Chiquinho Brazão, quando ele era vereador também, que justamente, facilitaria a regularização das invasões.

Isto atrapalhou os negócios imobiliários, além de frustrar a expansão territorial e eleitoral dos irmãos Brazão, que havendo mais locais invadidos, maiores seriam as bases eleitorais do clã, segundo a Polícia Federal, uma vez que somente os candidatos permitidos pela milícia que podem fazer campanha nos territórios dominados pelo crime organizado.