Diana Pires
Após mais de 33 horas do incêndio que atingiu o Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), a última paciente que ainda estava internada no local foi transferida. De acordo com as primeiras informações, é uma menina de 1 ano. Ele foi encaminhada ao Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG). Seu nome ainda não foi divulgado. Ao todo, 192 pacientes foram transferidos, 37 receberam alta e três foram a óbito.
Na manhã de ontem, uma enfermeira do hospital, que preferiu não ser identificada, temia a transferência de crianças. De acordo com a funcionária, uma delas tinha menos de um ano, e duas estavam internadas em estado gravíssimo. “Medo de perder essas crianças. Sabemos da gravidade e que uma delas pode não aguentar a transferência”, lamenta a enfermeira. As crianças estavam internadas no CTI Pediátrico do Hospital Federal de Bonsucesso.
Segundo a assessoria do HFB, a recomendação para a transferência de todos os pacientes partiu do Corpo de Bombeiros, por conta do volume de fumaça, cheiro forte e da combustão que ainda não tinha sido controlada. Outra questão, é que o subsolo, onde o incêndio começou, é interligado aos outros seis prédios, podendo apresentar riscos aos pacientes.
A terceira vítima foi identificada na manhã de ontem. Marcos Paulo Luiz, de 39 anos, estava internado no hospital com pneumonia. Também faleceu uma senhora de 83 anos, que não teve a identidade revelada, que estava internada com covid-19 e em estado grave no CTI coronariano. Mais cedo, Núbia da Silva Rodrigues, 42 anos, também paciente da doença, morreu durante o processo de transferência para outro hospital.
Os pacientes transferidos foram levados para unidades estaduais, municipais e federais. Para a rede municipal, eles foram remanejados para os hospitais: Albert Schweitzer, Maternidade Leila Diniz, Maternidade Carmela Dutra, Hospital da Mulher Mariska Ribeiro, CER Leblon, Souza Aguiar, Evandro Freire, Maternidade Fernando Magalhães, Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda, Ronaldo Gazolla e Hospital de Campanha Rio Centro.
Já na rede estadual, há nove pacientes no Hospital Estadual Getúlio Vargas (HEGV), quatro para o Hospital Estadual Carlos Chagas (HECC), dois para o Hospital Estadual Anchieta (HEAN) e dois para o Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (IECAC). Há ainda um paciente no Hospital Federal do Fundão.
Segundo a assessoria do HFB, a recomendação para a transferência de todos os pacientes partiu do Corpo de Bombeiros, por conta do volume de fumaça, cheiro forte e da combustão ainda não controlada. Outra questão, é que o subsolo, onde o incêndio começou, é interligado aos outros seis prédios, podendo apresentar riscos aos pacientes. Quase 24 horas após o incêndio que atingiu o Hospital Federal de Bonsucesso, os bombeiros ainda atuavam no trabalho de rescaldo na manhã de ontem. A fumaça do local ainda foi vista por moradores de vários bairros.
No pátio do hospital, foram montadas tendas para facilitar o trabalho das equipes. O fogo começou no subsolo da unidade de saúde, onde está localizado o almoxarifado, na manhã desta terça-feira. A causa do incêndio ainda é desconhecida. A Polícia Federal instaurou um inquérito para apurar as causas.
Em agosto de 2019, o incêndio de grandes proporções no Hospital Badim, na Tijuca, trouxe profunda dor e aflição para familiares e pacientes, deixando 23 mortos. Mais de um ano depois, a comoção em escala nacional retorna com o incêndio no Hospital Federal de Bonsucesso, referência para o tratamento da covid-19, que deixou dois mortos, segundo a última atualização. As tragédias, separadas pelo tempo, possuem muitas similaridades, segundo especialista em prevenção e combate a incêndios.
Wesley Pinheiro conta que os dois incêndios começaram no subsolo onde, em estruturas prediais mais antigas, estão localizados geradores de energia e almoxarifados, uma combinação muito volátil quando não há a devida proteção. Apesar do alarme referente às chamas, o treinador de brigadas de incêndio alerta para o principal perigo: a fumaça.