Por Marcos Vinicius Cabral
Inquieto. Essa é a melhor definição para Maurício Pinheiro Reis, conhecido artisticamente como Biafra. O cantor e compositor niteroiense comemora 45 anos de carreira com shows, ensaios com a dupla Kleiton & Kledir para apresentação no Caminho Niemeyer, no próximo 16 de novembro, em Niterói, e se prepara para dois lançamentos em 2025: o livro Sonho de Ícaro e um show chamado Novelas, com as principais canções que foram trilha sonora do horário nobre da Rede Globo.
“Estou trabalhando. Fazendo shows não só por Niterói, cidade em que nasci e escolhi morar, mas pelo Rio de Janeiro afora, como Brasília e São Paulo. No dia 18 de janeiro vou lançar o livro que escrevi em parceria com Pinheiro Júnior, no Centro da Música Carioca Artur da Távola, na Tijuca, e já estou escolhendo as canções que vão fazer parte do projeto Novelas para ser apresentado em Niterói”, afirmou o artista, que já lançou 17 álbuns que fizeram o Brasil cantar.
No entanto, apegado aos laços familiares desde muito cedo quando foi presenteado pela avó Áurea com uma flauta doce e a inscrição em um curso de música para aprender o instrumento, Biafra não esquece o gesto.
“Era uma criança muito levada. Toda vez que chegava da rua, fazia meu som batendo nas latas que, na minha cabeça, era uma bateria. Foi minha vó que, ao me dar uma flauta doce e me matricular em um curso, descobriu em mim dotes musicais que nem eu sabia que existiam. Ela quis, na verdade, se ver livre do barulho que vivia fazendo na garagem da casa dela e incomodava o seu sono”, diverte-se.
E lembra: “Comecei a tocar em casamentos e com a graninha que ganhava, ia para os bailes assistir The Fevers, Oxford, Super Bacana, Os Lobos, já com o Dalto… e outros tantos. Tanto que me apaixonei pela música e aqui estou”, afirmou Biafra.
Mas também lembra da mãe Delva, morta na pandemia, e como um leão ferido – sucesso de Despertar, LP que, impulsionado pela faixa-título, superou a vendagem de 100 mil cópias, o que valeu ao cantor o primeiro Disco de Ouro – tenta sobreviver à perda da figura materna.
“Ganhar e perder são coisas da vida. Estou acostumado”, limita-se a dizer.
No entanto, o leão ferido que é na vida e no palco, se transforma no Rei da Selva, quando o assunto é futebol. Botafoguense apaixonado, comemora a liderança do Campeonato Brasileiro e a inédita final da Libertadores contra o Atlético Mineiro.
“Estou muito confiante. Esse time é bom. Mas a paixão pela Estrela Solitária vem desde cedo quando minha família chegou ao Rio de Janeiro e pegou o auge do Heleno de Freitas. Todos aqui são botafoguenses. Sou da época que ia ao Maracanã com meu pai ver grandes craques do clube e ficava encantado com aquilo. Tenho uma camisa autografada do Didi, mas não tive a sorte que meu irmão teve de ver ele e Garrincha em campo”, lamentou e escalou o time que o ensinou a torcer pelo clube.
“Manga, Joel, Zé Carlos, Leônidas e Waltencir; Carlos Roberto, Gérson e Rogério; Roberto, Jairzinho e Paulo Cézar Caju. Eles me ensinaram a torcer para o Botafogo”, finalizou o ‘leão ferido’ com um sorriso doce.