O Juiz Marcelo Bretas, conhecido pela atuação na Operação Lava Jato no Rio, é acusado de relevante imparcialidade na condução dos processos. Em um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), o advogado criminalista Nythalmar Dias Ferreira Filho revelou que Bretas negociava penas, combinava estratégias e direcionava acordos com o Ministério Público durante a operação. As informações foram reveladas com exclusividade pela Revista Veja de hoje.
Segundo a reportagem, Nythalmar apresentou a PGR um áudio no qual Marcelo Bretas conta sobre um acordo com o então coordenador da Lava Jato no Rio, Leonardo Cardoso, para ‘aliviar’ a pena do empresário Fernando Cavendish, ex-dono da Delta Construtora. O intuito do áudio era fazer com que o advogado convencesse o empresário a confessar o crime em troca da redução da pena. Na época, Nythalmar representava Cavendish.
“Você pode falar que conversei com ele, com o Leo, que fizemos uma videoconferência lá, e o procurador me garantiu que aqui mantém o interesse, aqui não vai embarreirar” disse o juiz na gravação.
“E aí deixa comigo também que eu vou aliviar. Não vou botar 43 anos no cara. Cara tá assustado com os 43 anos”, completou Bretas se referindo a decisão que condenou o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear.
Na ocasião, a influência de Marcelo Bretas funcionou e o empresário Fernando Cavendish assinou um acordo de delação premiada. Além de confessar o pagamento de cerca de R$ 370 milhões em propina, o empresário recebeu a chance de responder ao processo em liberdade.
“O diálogo demonstra claramente que o juiz não só tinha ciência das colaborações antes de serem fechadas, bem como participava, negociava e intermediava com a ciência, participação e cooperação do MPF nas investigações, fato este gravíssimo”, afirmou Nythalmar.
Ainda segundo o advogado, Bretas teria feito um acordo com o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, no qual ele garantia não investigar a esposa de Cabral, Adriana Ancelmo.
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