A quarta edição do Festival HACKTUDO mostrou que o futuro já chegou. Em um ano de conteúdo 100% digital, durante dez dias — de 16 a 25 de outubro — foi possível acompanhar uma diversificada programação para todos os públicos. Adequado aos tempos de pandemia, o evento ofereceu uma edição online, gratuita e que foi recorde de público. Foram mais de 700 mil pessoas acompanhando virtualmente, quase 50 vezes mais que a última edição. O sucesso foi tanto que esta edição atual chegou a mais de 30 países — como Austrália, Portugal, Estados Unidos, Canadá, França, Colômbia, Irlanda, Japão, Bolívia, Angola, Argentina, entre outros — e já garantiu a edição de 2021, que volta a acontecer na Cidade das Artes, nos dias 23, 24 e 25 de outubro.
“Impressionante os resultados desta edição. Isso traduz a realidade que estamos vivendo. O mundo está consumindo pelas redes e está 100% virtual, sem falar na sede por conteúdos de qualidade. O HACKTUDO é um circo tecnológico e estamos torcendo para que este cenário que nos encontramos hoje mude, que possamos nos encontrar e ter a possibilidade de escolhas entre o real e o virtual”, diz Miguel Colker, diretor e um dos idealizadores do festival.
Um dos destaques foi a hackthon virtual, a Hackathon OLX , que consagrou a equipe Zenith — da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo — como a grande campeã e que levou o prêmio de R$ 5 mil. “Estamos muito felizes e agradecidos por participar e aprender mais sobre este tema e poder aplicar uma solução que, talvez a OLX ou alguma outra empresa do mercado possa adotar. Que seja colocada logo em prática e comece a ajudar pessoas”, diz Levi Faria, estudante de Engenharia de Produção e um dos integrantes da equipe vencedora.
Levi e o integrantes da equipe Zenith apresentaram uma proposta sobre a criação do OLX Driver, em que um motorista de aplicativo ou um entregador faz o intercâmbio e leva o “desapego” do vendedor ao comprador. A solução encontrada pela Zenith é sustentável e, ao mesmo, tempo preza pela segurança sanitária, já que reduz a emissão de carbono e não expõe pessoas neste momento de pandemia da Covid-19.
Além da equipe Zenith, outros times desenvolveram projetos criativos e inovadores para o tema “Economia Colaborativa em Tempos de Pandemia” e foram avaliados por especialistas. A ação do hackathon toda durou 36 horas e premiou outras duas equipes: a Union Square e a Bernitoite, que ficaram em segundo e terceiro lugar respectivamente.
Por conta de sua performance na maratona de programação, a estudante Larissa Dalimar, do time Blacks in Tech, foi a escolhida para a realizar o Summer Job na OLX. O estágio, com direito à bolsa-auxílio e todos os benefícios, tem previsão de início em janeiro de 2021 e terá como foco tecnologia e produto. Larissa é estudante do curso de Ciências da Computação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
E não faltou adrenalina e torcida para quem acompanhou os capítulos da websérie que faz parte Hack Drones, com apoio da Dataprev. A corrida de drones — com a participação de oito pilotos do eixo Rio-São Paulo, com idades que variavam de 10 a 52 anos — teve conteúdo previamente gravado seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Na Cidade das Artes foi montada uma grande pista de 400 metros com obstáculos e que serviu de cenário para a emocionante corrida que contou com os droners Heitor Teles (Heitor), Gabriel Puglielli (Pugli), Bruno Baldoni (Baldrone) e Gustavo Antunes (Guga) participando da grande final. O vencedor — revelado no último capítulo que foi ao ar no dia 26 de outubro — foi o piloto paulista Heitor, de 29 anos.
A Hack Conference — patrocinada pela Clear Corretora — trouxe especialistas do mercado em painéis com temas atuais, como Covid-19, Diversidade, Empreendedorismo, entre outros assuntos. Com apresentação do advogado Ronaldo Lemos, especialista em tecnologia da informação e colunista do jornal Folha de São Paulo, contou com 12 palestras de 39 profissionais referência no mercado, como Gustavo Canuto, presidente da Dataprev, que fechou o ciclo de encontros online falando sobre Auxílio Emergencial.
O festival deu voz às mulheres e foi possível conhecer de perto o trabalho visionário e os desafios que nove profissionais enfrentaram ao escolher o mercado de tecnologia e inovação, que conta apenas com 18% da força feminina. Com a curadoria do coletivo Minas Programam, o Hack Delas mostrou que apesar da baixa representatividade, as mulheres alavancam este segmento. A programação foi reiterada por pesquisas que comprovam o quanto ainda é necessário mudar essa realidade e lutar por mais diversidade e equidade de gênero e salarial. O Hack Delas seguiu o quinto objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU, a equidade de gênero e teve apoio da Liberty Seguros.
A seguradora também assinou o espaço Maker, a feira online de projetos criativos e invenções no estilo DIY (faça-você-mesmo, em português). Este ano, foi firmada uma parceria inédita com o Nav Digital, iniciativa da plataforma Nave à Vela, com atividades maker para alunos do ensino fundamental. Com cursos que ensinaram a fazer bonecos articulados a quem desejava se aprofundar na história dos memes ou até mesmo adivinhar o futuro, o Hack Maker foi um espaço inspirador e que deixou a imaginação ser usada livremente. Trinta coletivos makers se inscreveram para a edição deste ano e 20 foram selecionados para expor seus trabalhos no período.
Criatividade e sustentabilidade definem o trabalho do artista plástico pernambucano Jota Azevedo que transforma lixo em obra de arte e que pôde ser apreciado através da Hack Expo, que teve o apoio da BNY Mellon. Segundo o relatório da ONU The Global E-waste Monitor 2020, o Brasil é o quinto país que mais produziu lixo eletrônico no mundo e foi com este tipo de resíduo que o artista criou a mostra “O Poder da Inovação”, com alguns dos maiores inovadores da história da humanidade, como Einstein, Steve Jobs, Nikola Tesla, Condessa Lovelace, entre outros, e que puderem ser visualizadas em detalhes. Já no “Expo-Robô”, as esculturas feitas com sucatas eletrônicas conscientizam sobre o papel da reciclagem e puderam ser vistas em 360º, através de um tour virtual.
E para quem pensou que as crianças estariam de fora deste universo tecnológico, no fim de semana, de 24 a 25 de outubro, o público infanto-juvenil teve a oportunidade de aprimorar habilidades, graças às oficinas virtuais que fizeram parte do Hack LAB. Apoiada pela Escola Parque, teve também a participação do youtuber Victor Lamoglia, que ensinou a fazer carros de batalha e também um visor VR Cyberpunk, tudo ao estilo “faça você mesmo”. Mas o grande diferencial foram as oficinas — voltadas para crianças de 7 a 12 anos — que ensinaram a criar desde jogos aos próprios aplicativos.