Familiares do marceneiro Gemerson Patrício de Souza acusam policiais militares de terem atirado contra o pai de família mesmo ele gritando, com o crachá da empresa na mão, que era trabalhador. Em um depoimento publicado nas redes sociais, a enteada da vítima, Yasmin Cristina, contou que o padrasto foi tratado como bandido. Gemerson foi baleado a caminho do trabalho, na manhã da última terça-feira (27), quando passava na passarela localizada acima da Avenida Pastor Martin Luther King Jr., na altura da estação do metrô de Tomás Coelho.
De acordo com o relato de uma testemunha, em mensagem enviada à enteada, a PM e criminosos começaram a trocar tiros na passarela. Foi neste momento que Gemerson, que passava no local no momento do confronto, teria se abaixado para se proteger, mas foi baleado momentos depois. “Quando eles [os PMs] chegaram perto, ele estava gritando que era trabalhador e um policial branco, meio gordinho, abriu a mochila dele e chamou um outro e cochichou sobre algo que estava dentro [da mochila] e ele estava com um crachá na mão. Eles jogaram a mochila dele dentro da viatura”, disse a testemunha.
O primeiro corpo a ser colocado dentro da viatura teria sido de Gemerson, pois, de acordo com o relato da testemunha, ele gritava ininterruptamente que era trabalhador. Em seguida, outros baleados também foram colocados no mesmo veículo e socorridos. O marceneiro foi socorrido para o Hospital municipal Salgado Filho, no Méier, mas não resistiu e morreu. Gemerson deixa uma esposa e cinco filhos.
A enteada do marceneiro está se mobilizando na internet para pedir por justiça, já que nenhum dos pertences pessoais de Gemerson teria sido entregue à família. “Sumiram com as coisas dele, trataram como bandido, ele é trabalhador, estava indo trabalhar. Ele estava com o crachá da empresa, era marceneiro, na mochila estava o uniforme, o celular, os documentos, tudo sumiu”, relatou Yasmin.