Diana Pires
O delegado Antônio Ricardo Lima Nunes, titular do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHGPP), relaciona os envolvidos nas mortes da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, aos assassinatos do ex-policial André Henrique da Silva, o André Zóio, e sua namorada, Juliana Sales de Oliveira, em 14 de junho de 2014. Para o delegado, as mesmas pessoas podem ter cometido os dois crimes. No caso do crime ocorrido na Gardênia Azul em consequência de divergências na milícia, ele apontou o ex-vereador Cristiano Girão como suposto mandante e o PM aposentado Ronniel Lessa como suposto executor. O casal foi fuzilado com 40 tiros.
“Cumprimos (nesta quarta-feira) quatro mandados (de busca de apreensão) em endereços ligados à pessoa (Girão) no Rio e em São Paulo. Esperamos que, com essa ação de hoje, possamos encontrar dados que nos ajudem, realmente, a solucionar o caso que vitimou a vereadora Marielle e seu motorista”.
De acordo com o Antônio Ricardo, a operação Déjà vu, deflagrada nesta quarta-feira pela Polícia Civil e o Ministério Público do Rio, tem como base a maneira de agir dos assassinos. Para o delegado, as mortes de André e Juliana têm características parecidas com as de Marielle e Anderson:
“Em relação ao casal que foi vítima desses criminosos (André e Juliana), a motivação foi por causa de uma divergência na milícia da Gardênia. Essa operação deixa claro: isso remete ao crime da vereadora Marielle. (Assim como aconteceu com André Zóio) os tiros foram concentrados, foi um veículo em movimento (onde estavam os assassinos) e até o fato de que uma pessoa inocente acabou sendo vitimada”.
O policial destacou que, além de residências na Zona Oeste, buscas foram realizadas também em um presídio no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste, onde Leandro Siqueira de Assis, o Leandro Cabeção ou Gargalhone, está preso. Ele informou que na casa de um dos alvos dos mandados de busca e apreensão na operação de ontem, o PM Fábio Caveira, do 18º BPM (Jacarepaguá), foram apreendidos aparelhos eletrônicos que serão enviados para a perícia: “Esse agente público também é investigado pelo duplo homicídio ocorrido em 2014. Ele não estava em casa e foram apreendidos alguns eletrônicos que serão submetidas à perícia para ver se nesses equipamentos encontramos informações relevantes que possam ajudar nas investigações”.
Segundo Antônio Ricardo, todos os eletrônicos apreendidos passarão por uma perícia. O material será analisado por inteligência artificial.
O delegado disse que as apreensões realizadas na operação Déjà vu e também depoimentos ouvidos pelos agentes geram expectativa de que o assassinato de André Zóio e Juliana sejam solucionados:
Antônio Ricardo afirmou ainda que Girão seria o mandante da morte do casal, e Ronnie Lessa, preso desde março de 2019, o executor do assassinato. “Segundo as investigações, eles teriam participado como mandante e executor (do crime) que vitimou um casal em 2014 e nos pareceu uma assinatura muito peculiar. Por conta disso, temos uma convicção que tem relação com o crime da vereadora”, disse.