Diana Pires
A deputada federal Flordelis (PSD-RJ) ainda não se apresentou para colocar a tornozeleira eletrônica, como determinado pela Justiça. Na última sexta-feira, o Tribunal de Justiça (TJRJ) determinou que a parlamentar seja monitorada por tornozeleira eletrônica e que cumpra recolhimento domiciliar noturno, das 23h às 6h. As medidas cautelares foram solicitadas pelo Ministério Público (MPRJ) e decididas pela juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, titular da 3ª Vara Criminal de Niterói. Segundo um assessor do gabinete da deputada Flordelis, a parlamentar está em Brasília e se apresentaria quando retornasse ao Rio.
A deputada federal e sete dos seus filhos são reús no processo sobre a morte do marido da parlamentar, o pastor Anderson do Carmo. No final de agosto, ela foi indiciada como mandante do assassinato, que aconteceu na garagem da casa da família, em Niterói, na Região Metropolitana, em junho de 2019, mas não pode ser presa em razão de sua imunidade parlamentar. A decisão pelo monitoramento eletrônico aconteceu, segundo a decisão judicial, devido à dificuldade de localização da parlamentar, tanto para a citação no processo, quanto para sua notificação pela Câmara dos Deputados, além da intimidação à uma testemunha após terem jogado um explosivo no quintal dela.
“Foram trazidas aos autos notícias de fatos novos e graves pelo presentante do Parquet, mormente o atentado com artefato explosivo ocorrido na residência da testemunha”, afirma o documento. Na ocasião, a testemunha afirmou acreditar que “a bomba foi jogada em seu quintal para intimidar a depoente” e também para “passar um recado para Lucas, para que ele calasse a boca e não mais relatasse a verdade”.
Filho afetivo de Flordelis, Lucas Cezar dos Santos de Souza está preso desde junho do ano passado, suspeito de ter participação na morte do pastor Anderson. A juíza oficiou à Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) solicitando urgência na instalação do aparelho de monitoração. Em nota, a Seap confirmou o recebimento da notificação da decisão judicial na sexta-feira.
Testemunha do processo, a empresária Regiane Rabello, cuja casa foi alvo de uma bomba na madrugada de 4 de setembro, é dona da oficina onde trabalhava Lucas dos Santos de Souza, filho de Flordelis que está preso acusado de comprar a arma usada para matar o marido da deputada. Segundo a empresária, quando ainda trabalhava para ela – antes do crime, portanto -, Souza recebeu uma mensagem pelo Whatsapp com o plano para matar Anderson do Carmo.
Ele teria mostrado o plano à patroa. Por apresentar esse relato à polícia, Regiane teria sido jurada de morte por Adriano dos Santos Rodrigues, outro filho de Flordelis, também preso pelo crime. Em depoimento ao MP-RJ, Regiane afirmou supor que a explosão da bomba foi uma tentativa de intimidá-la e disse temer tanto Rodrigues como a própria Flordelis, que segue solta.