A cotação do coronel da reserva
Se há uma “profissão” em alta hoje no país, é a de coronel da reserva. Embora não figure no mercado formal de vagas de empregos, é muito demandada e mais valorizada ainda em segmentos do mundo corporativo se, no currículo de quem possui tal patente, constar algum tipo de relação com Bolsonaro, filhos e entorno. São distorções de um país com uma máquina burocrática repovoada por indicações políticas a cada nova gestão e, por isso mesmo, intencionalmente emperrada. Fala-se em algo em torno de 100 mil cargos federais à di sposição do jogo político-partidário, o chamado toma-lá-dá-cá. A meritocracia vem em segundo ou terceiro planos, ou simplesmente não vem. No passado recente, a função, hoje oferecida a coronéis de pijama nas empresas privadas, cabia a sindicalistas e assemelhados. Conselhos de grandes empresas mantinham um representante da categoria. O escopo era o mesmo: interlocução com o poder público. Mais do que lobistas, essa turma atua no lado de cá do balcão, em busca de atalhos – por meio de seus pares do lado de lá – em meio ao excesso de regras, de leis e da ausência de racionalidade, marcas do estado cartorial brasileiro. Muitas vezes o empreendedor não tem alternativa a não ser empregar um desses despachantes de ocasião. Sai mais em conta do que enfrentar o mar de dificuldades que permeia o tortuoso caminho de quem atua no mundo privado e esba rra com o poder público. (Bruno Thys)
O forte cheiro de pólvora
Na coluna da última sexta-feira, alertei que havia um forte cheiro de pólvora no ar. Desde quarta-feira, circulam notícias de que o ministro da Defesa, general Braga Neto, teria advertido que não haverá eleição no caso da rejeição do voto impresso auditável, uma obsessão do presidente Bolsonaro. O general desmente.
Hacker ajuda Bolsonaro
O ministro Luiz Felipe Salomão, do TSE, pediu que Bolsonaro apresentasse, em 15 dias, provas de fraudes nas eleições de 2018. O pedido vencia no último dia 7 e foi estendido até 2 de agosto por causa do recesso judicial. O presidente garante que tem as provas, obtidas com o auxílio de um “hacker do bem“. Sua intenção é mostrar que as urnas eletrônicas são fraudáveis para reforçar a defesa pelo voto impresso.
Riqueza das raquetes
Tenista número um do mundo, segundo o ranking da ATP, o hexacampeão em Wimbledon, o sérvio Novak Djokovic (foto) tem mais um superlativo para chamar de seu: acaba de se tornar o mais bem pago entre os tenistas profissionais, considerados apenas os prêmios em quadra. Segundo a “Glamurama”, aos 34 anos e profissional desde os 16, suas vitórias lhe renderam nada menos que US$ 151,9 milhões (R$ 795,6 milhões). Para efeito de comparação, Roger Federer, que é bem mais famoso, ganhou US$ 130,6 milhões (R$ 684,1 milhões) em prêmios ao longo da carreira. O sérvio, no entanto, perde feio para o suíço em cachês embolsados por contratos publicitários. Basta com parar as fortunas dos dois: US$ 450 milhões de Federer contra US$ 220 milhões de Djokovic.
Eleitor rejeita a homofobia
O Instituto Paraná Pesquisas quis saber se os eleitores brasileiros votariam ou não num candidato gay. Resultado: 75,9/% declararam que não altera nada e 5,8% que até aumenta a vontade de votar no candidato. A pergunta tem a ver com o governador gaúcho Eduardo Leite, que se declarou gay e é pré-candidato a presidente da República.
Tudo em família
O senador Ciro Nogueira (PP-PI), líder do Centrão, vai assumir o comando da Casa Civil. Em novembro de 2017, tachou Bolsonaro de “fascista e preconceituoso. A suplente dele é a mãe, Eliane Nogueira, que vai para o Senado, enquanto para o Palácio do Planalto vai o filho da mãe.
Se gritar “pega centrão”…
O propalado golpe, enfim, aconteceu, mas sem Bolsonaro e os milicos na garupa, ou vice-versa. Foi perpetrado pelo Centrão. Tomaram o cofre do país. (Bruno Thys)
Tá explicado
Fundo Eleitoral é o dinheiro que será roubado de você para você eleger quem vai te roubar.
Cheio de filosofia
Há uma preocupação no clã Bolsonaro em relação ao quadro de saúde de Olavo de Carvalho, que passou recentemente por uma cirurgia de emergência na bexiga. Por todos os motivos. Além da notória afinidade com a família, estavam em curso conversas para que Olavo venha a se tornar uma espécie de “filósofo da reeleição”.
Canal chapa branca
A TV Brasil, que o presidente Jair Bolsonaro falou que iria extinguir logo no começo do governo, está preparando o lançamento de um jornal só com “boas notícias”. De preferência, a favor do capitão.
.Até tu, Morão?
Do leitor Nivaldo A. Lemos:
— Sem nenhum pudor, por motivos puramente eleitoreiro, o general Hamilton Mourão foi a Angola defender os interesses particulares do empresário da fé Edir Macedo. Será que a patriótica missão cumprida pelo general enche de orgulho seus companheiros de armas?
Homeopática
A pediatra homeopata Mara Regina Cordeiro Pezzino convidada, desconvidada e que poderá ser novamente convidada pelo ministro Queiroga a dirigir o Hospital de Ipanema, tem currículo: defende a cloroquina contra a Covid, duvida dos efeitos das vacinas, do uso de máscara e das estatísticas de mortes. (Bruno Thys)
Negócio da China
A chinesa Sinopec entrou na disputa para comprar a participação da Odebrecht na Braskem, avaliada em cerca de R$ 14 bilhões. Seria a primeira investida dos chineses na indústria petroquímica brasileira. Também estão na disputa nomes como Advent e Lyondellbasell.
Xiaomi liga para o Brasil
Deu no Relatório Reservado que a fabricante de celulares chinesa Xiaomi planeja abrir mais duas lojas físicas no Brasil. Uma no Rio de Janeiro.
Esta coluna circula às terças e sextas-feiras