A VOZ DO POVO
Aziz Ahmed
azizahmed@uol.com.br
Ligações clandestinas
É do “Blog do Vicente”, da lavra do premiado jornalista Vicente Nunes, velho companheiro de guerra, editor do “Correio Braziliense”, o texto que publico a seguir, pela importância da informação nele contida. Com a devida vênia do autor, ei-lo: “O clima continua — e muito — tenso no Tribunal de Contas da União (TCU). Investigações em andamento pelo órgão apontam ligações entre o ministro Jorge Oliveira e o auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, autor do “estudo paralelo” que vem sendo citado nos últimos dias pelo presidente Jair Bolsonaro. O ministro e Alexandre são amigos de longa data dos filhos de Bolsonaro. Até o momento, no entanto, não há nada comprovando que o ministro Jorge Oliveira — o único do TCU indicado por Bolsonaro — teve acesso antecipado à farsa montada pelo auditor para desqualificar as estatísticas oficiais sobre mortes pela covid-19 no país. Alexandre afirma que ao menos 50% dos óbitos registrados não foram pela doença. Mas, segundo integrantes do TCU, com as investigações abertas pelo órgão e com a quebra dos sigilos do auditor pela CPI da Covid, será possível rastrear todos os movimentos que levaram o “estudo paralelo” até o presidente da República. Em nota, o TCU negou a existência de qualquer relatório oficial sobre mortes pela Covid-19. Num primeiro momento, Bolsonaro assumiu que o “estudo” era falso. Contudo, logo depois, voltou a difund ir entre os seus seguidores fanáticos que o TCU tem, sim, um relatório apontando que as vítimas do novo coronavírus foram superestimadas pelos governadores com o intuito de receberem mais verbas federais. Alexandre Marques foi afastado de suas funções e proibido de entrar nos prédios do TCU e de acessar os sistemas do Tribunal. O corregedor do órgão, ministro Bruno Dantas, com base em matérias publicadas pelo Blog, abriu um processo administrativo interno e pediu que a Polícia Federal investigue o auditor. A nomeação de Jorge Oliveira para o TCU faz parte da estratégia de Bolsonaro de ter mais controle sobre o Tribunal. Lá correm pelo menos três processos contra o governo envolvendo gastos com cloroquina. O Exército adquiriu o fármaco com dispensa de licitação. O medicamento é indicado pelo presidente da República para o tratamento precoce da covid, mesmo não tendo comprovação científica.”
Nem Freud explica
Bolsonaro é “case” de gestão pública. Merece ser estudado. À estrutura convencional de ministérios e secretarias, ele soma um conjunto paralelo de gabinetes. O mais famoso é o gabinete do ódio, mas há o paralelo da saúde, o gabinete pessoal de informação, o do desmatamento e por aí vai. (Bruno Thys)
Pela porta dos fundos
O repórter Quintino Gomes, do “Diário do Rio”, lembra que, alardeado como brilhante gestor, Paulo Marinho deixou o PSDB às mínguas e sem coragem de ir buscar seus pertences (pediu para um assessor pegar). Depois de receber o partido com caixa cheio, sai pela porta dos fundos devendo 3 meses de salários dos funcionários. E sem contar a sede nababesca para a qual ele mudou o partido e nunca teve uso.
Inventário do coronavírus
Segundo o Relatório Reservado, o TCU analisa 210 denúncias de possíveis irregularidades em compras públicas do governo federal relacionadas ao combate à Covid-19.
Vendida a “Mansão da Maconha”
Conhecida como “Mansão da Maconha” (foto), uma propriedade de luxo em Los Angeles foi vendida pela bagatela de US$ 44 milhões (R$ 225,3 milhões). Com mais de 4,6 mil m² de área total, tem um terraço de 930 m² com uma espécie de horta com vários tipos de cannabis, daí o apelido da propriedade. Engana-se quem pensa que o novo dono é algum maluco beleza. O co mprador é careta: o financista Jeff Feinberg, ex-diretor do fundo de investimentos de George Soros, entusiasta da liberação do consumo recreativo de maconha em todos os Estados Unidos. Na Califórnia, puxar um baseado é permitido.
CPF cancelado
Do senador Flávio Bolsonaro, o Zero Um, no twitter: “Parabéns aos policiais civis do Rio pela eliminação do miliciano Ecko, que nunca foi policial e era o mais procurado do país! Todo respeito e apoio incondicional aos verdadeiros policiais de todo o Brasil”.
A propósito
A exemplo do tráfico, o mundo da milícia no Rio também não dá a mínima pra concordância nominal ou verbal. Eis a frase pichada hoje no muro do cemitério onde o miliciano Ecko — o maior do mundo, segundo a polícia — foi sepultado: “Valeu por tudo CL 220 e Ecko. Sempre será lembrados”. CL 220 é o apelido do irmão de Ecko, morto em 2017. (Bruno Thys)
Do Diário do Rio
Padre Omar, responsável pelo santuário do Cristo Redentor, tem um sonho. Quer transformar a trilha do Parque Lage até o monumento em uma Via Crucis, com estátuas dos últimos momentos de Jesus Cristo antes de ser crucificado.
Missionário consagrado
Depois de um período internado com Covid-19, o missionário R.R. Soares, de 73 anos, já está pronto para voltar a pregar o Evangelho. No início da pandemia, o pastor chegou a pregar curas milagrosas para a doença, como uma “água consagrada”, que vendeu aos fiéis durante o programa “S.O.S da Fé”.
Rogério Caboclo
Foi-se o tempo em que “caboclo” era o resultado da miscigenação do índio com o branco e também sinônimo de sertanejo, o bravo, brioso e honrado brasileiro. (Bruno Thys)
A bola da vez
A permanência de Fernando Bezerra (MDB-PE) como líder do governo no Senado está em xeque. Um inquérito da Polícia Federal, apontou que o parlamentar teria recebido de R$ 10,4 milhões em propina de três empreiteiras entre 2012 e 2014.Ele já estaria desgastado pelo desempenho na CPI da Covid, considerado fraco pelo governo.
Nota de pesar
Faleceu Raul de Souza, um dos grandes músicos brasileiros, trombonista reverenciado no mundo todo. Foi da gafieira e da bossa ao jazz, nos Estados Unidos, onde morou e gravou com todo mundo. Tinha um swing marcante, que a crítica chamava de “samba-jazz”. Produziu uma obra linda. Lutava contra um câncer. Morreu na França aos 86 anos. (Bruno Thys)
Vítima da gripezinha
O criador, idealizador e coordenador-geral dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, Carlos Terena, morreu de Covid-19, aos 66 anos, em Brasília. De Covid.
Esta coluna circula às terças e sextas-feiras