Diana Pires
A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio prenderam ontem nove criminosos que fazem parte da milícia que atua dentro de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O bando é responsável por uma guerra sangrenta que se espalhou pelos bairros de Saracuruna, Jardim Primavera, Vila Urussaí. À quadrilha, está atribuída crimes como explosões de caixas eletrônicos, homicídios, sequestros e extorsões.
A Operação Próspera, tinha como objetivo cumprir 25 mandados de prisão e 21 de busca e apreensão. As investigações duraram pouco mais de um ano e meio e começaram através de dezenas de denúncias anônimas repassadas pela comunidade à 60.ª DP (Campos Elyseos). Três grupos paramilitares foram identificados ao longo das investigações.
Um dos alvos da operação era o cabo do exército, Davison Sanches Melo, conhecido pelo apelido de Moranga. Ele teve mandado de prisão expedido e é considerado foragido. O paraquedista é acusado de fazer parte da milícia do bairro Jardim Primavera.
Um policial militar também é investigado. Os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na residência dele. O PM, é acusado de fornecer munições para os milicianos. De acordo com o delegado Uriel Alcântara, da Delegacia de de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), inicialmente o PM irá responder pelo porte de arma.
Três homens são apontados como líderes da milícia e já foram identificados. São eles: Márcio Henrique Idalgo Rodrigues dos Santos, vulgo MH, João Victor do nascimento Faria Soares e o terceiro criminoso conhecido por “Careca”.
Participaram da operação, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, a 60ª DP (Campos Elíseos), a 112ª DP(Carmo) e a 3ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM).
Além da autoria de diversos assassinatos, o grupo é responsável por extorquir moradores e comerciantes. Ainda segundo as investigações, para ampliar território a milícia passou a explorar os serviços de transportes alternativos, como vans e mototáxis. O bando ainda fazia cobrança nos serviços de internet, TV a cabo clandestina e segurança.
Quem não cumpria a ordem dada pelo bando era passível de pena. Muitos eram expulsos da própria casa, segundo apontam as investigações.
Havia uma tabela a ser paga por mês.
Comércio de gás: R$ 3.200,00
Comerciante: entre R$ 100,00 e R$ 150,00
Vans: R$ 240,00
Mototaxistas: R$ 400,00
Residências: R$ 150,00
A milícia em Duque de Caxias estava dividida em três grupos. Segundo investigações, eles travavam uma guerra sangrenta no município. A disputa entre os grupos paramilitares explodiu em 2019, segundo a investigações, quando, na época, houve a prisão de 31 milicianos.
“Ao longo do segundo semestre do ano passado surgiu um conflito entre dois grupos rivais. No fim das investigações identificamos a participação de mais um grupo, totalizando três milícias diferentes nessas regiões”, explicou o delegado Uriel Alcântara.
A polícia identificou que as ordens para os ataques vinham de dentro dos presídios e de milicianos que agiam na Zona Norte do Rio.
“Esses grupos agiam de forma sangrenta e violenta. Denunciamos e pedimos os mandados de prisão”, disse o promotor Rogério Sá Ferreira, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).