Cinco comunidades de Itaguaí concentram 38% dos óbitos por Covid-19 em favelas – Povo na Rua
         

Cinco comunidades de Itaguaí concentram 38% dos óbitos por Covid-19 em favelas

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Diana Pires

Desde o início da pandemia do coronavírus (covid-19) no país, os especialistas alertavam para a chegada do vírus em locais com pouca infraestrutura e condições precárias de saneamento básico. No Rio, as favelas foram apontadas como grandes locais com alto risco de proliferação da covid-19. A preocupação dos especialistas se justifica pelos números de casos nas favelas de Itaguaí, na Baixada Fluminense. Cinco comunidades correspondem por 38% dos óbitos e 26% casos de coronavírus de todas as localidades mapeadas pelo Painel Unificador das Favelas.

Segundo levantamento, com base no painel para verificar o comportamento do coronavírus nas favelas, já são 2.671 infectados e 560 óbitos (confira no gráfico os números nas cinco favelas). Os dados são diferentes dos apresentados pela prefeitura, que contabiliza 2.172 casos e 114 mortes.

De acordo com Theresa Williamson, urbanista e diretora executiva do Comunidades Catalisadoras, gestora do Painel Unificador, Itaguaí aparece com grande número de casos e óbitos, pois é uma das poucas cidades com contagens precisas nas favelas.

“É complicado fazer qualquer análise de todo o estado, pois nós no painel fazemos a contabilização dos números coronavírus em apenas 150 favelas das 1 mil que temos em todo o Rio. Existem muitas favelas que não há contagem alguma. Itaguaí é um dos poucos lugares que têm números precisos de casos e mortes de covid-19”, explica ela. Para ela, se outras favelas tivessem esse levantamento, o número de casos no Estado do Rio seria bem maior do que o notificado.

Em Itaguaí, a contagem de casos é feita por seis integrantes da Associação de Mulheres de Itaguaí – Guerreiras e Articuladoras Sociais (Amigas). Anna Paula Sales, uma das participantes, diz que o trabalho começou de forma simples. “Começamos em março de maneira ingênua e desde então fazemos trabalho de formiguinhas. Nas nossas doações de cestas básicas, víamos o aumento no número de óbitos, mas não sabíamos de testagem. A partir daí, começamos a rastrear casos e mortes. Corremos atrás de testes para moradores”, conta.

Anna questiona a falta de infraestrutura na cidade e a escassez de leitos. “Não tínhamos leitos de UTI, depois vieram quatro, mas ainda é pouco, não temos hospital decente para atender. Estamos na luta, de porta em porta, para ajudar as pessoas”, diz.