Chacina de Vigário Geral: seis famílias voltarão a receber pensão – Povo na Rua
         

Chacina de Vigário Geral: seis famílias voltarão a receber pensão

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Seis famílias, das 21 pessoas mortas por policiais militares na chacina de Vigário Geral, em 1993, voltarão a receber a pensão vitalícia estabelecida pela Justiça a partir desta segunda-feira. Apesar da determinação judicial, eles não recebiam o benefício desde 2016, após um problema burocrático entre a Secretaria de Fazenda e a pasta de Direitos Humanos.

Cada família recebe mensalmente R$ 3.135. Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do governo, o valor que não foi pago às seis famílias será retroativo, ou seja, o estado pagará R$ 300 mil de salários atrasados. Voltam a receber a pensão vitalícia os familiares de Gilberto Cardoso dos Santos, de 61 anos, Jane da Silva Santos, de 58, Guaracy Rodrigues, de 33, Joacir Medeiros, de 69, José dos Santos, de 47 e Adalberto de Souza, de 40 anos.

Adalberto era marido de Iracilda Toledo Siqueira, que é a presidente da Associação dos Familiares e Vítimas da Chacina de Vigário Geral. Dona Iracilda criticou a morosidade do estado em relação ao pagamento das aposentadorias. Algumas pessoas estão sem receber há mais de 10 anos por falta de esclarecimentos e posicionamento do governo. O meu benefício foi suspenso em setembro de 2018. Naquele ano, procurei a Alerj, foi feita uma nova lei, foi sancionada pelo então governador Francisco Dornelles e desde então não pagam. Em maio do ano passado trouxemos todos os documentos e nada. A partir da matéria do Ancelmo, que as coisas conseguiram andar.

Muitos parentes, após a suspensão dos benefícios, passaram a receber doações da autora de novelas, Glória Perez, e do desembargador José Muñhoz Pinheiro. A situação teria piorado com a pandemia. Em um encontro na tarde desta segunda-feira, que contou com a presença de seis familiares que não estavam recebendo os salários, dona Iracilda afirmou ao atual secretário de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, o deputado estadual Bruno Dauaire.

“Eu não queria estar aqui. Eu queria estar com o meu marido”. O próprio secretário admitiu que o estado não estava cumprindo seu dever e que o governo “está tentando sanar esse problema e regularizar tudo o mais rápido possível”.

“Na (Secretaria de) Fazenda eu garanto o pagamento a partir de hoje (segunda-feira) e todos os restos a pagar serão pagos ainda neste ano. A PGE (Procuradoria-Geral do Estado) está analisando o que será feito e como serão feitos os pagamentos atrasados. Estamos reparando uma injustiça. Não deveríamos estar aqui para resolver esse problema que já se arrasta por anos. O que faltou foi vontade de resolver”, salientou Dauaire.

O secretário disse que os parentes “precisam do apoio e carinho do estado”.  “Temos que enfrentar a violência. Temos que ter uma cultura de paz. Estamos reparando uma violência que o estado cometeu ao assassinar seus familiares e ao parar de pagar os salários”.

Ao final do encontro, Bruno Dauaire abraçou Iracilda Toledo Siqueira e pediu desculpas aos familiares.