Estudo inédito feito pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) contabilizou mais de R$ 23 milhões em armas apreendidas pelas forças de segurança no ano passado. No período, foram retiradas 8.423 armas das mãos de bandidos, o que levou o acumulado da década chegar a 82.969 unidades: aproximadamente, uma a cada hora. Um terço das pistolas e metade dos fuzis foram retirados de circulação após morte por intervenção policial.
O relatório traz informações sobre as circunstâncias em que as apreensões ocorreram, os fabricantes e o município em que foi registrado o boletim de ocorrência sobre o armamento. As análises constataram ainda que os criminosos estão modificando seu modo de atuação. Em 2019, fuzis e pistolas figuraram na lista das quatro armas mais encontradas nas mãos dos bandidos. A quantidade de fuzis apreendidos (550, o que representa 6,5% do total) foi 11% maior que no ano anterior e a mais alta desde 2007. Isso pode indicar o aumento do poder de letalidade dos bandidos. No entanto, o número total de apreensões de armas caiu 6,5% em quatro anos, saindo de 9.010 unidades, em 2016, para 8.423, no ano passado.
Para a antropóloga Jaqueline Muniz, professora de Segurança Pública da UFF, a redução das apreensões frente ao aumento das operações mostram menor efetividade das ações policiais:
“Também não é possível mensurar o que essas apreensões representam no montante que o crime organizado tem de armamento, principalmente depois que a Presidência da República flexibilizou a compra de armas. Se esse prejuízo fosse significativo, o crime organizado teria sido mais impactado, e o que vimos foi uma expansão, sobretudo das milícias, que hoje atua em 57% do território da capital”.
O maior número de apreensões, segundo o relatório, aconteceu no interior (3.202 ou 38% do total), onde se destaca a retirada de circulação de revólveres (1.360 ou 47,2% do total do estado) e espingardas (550 ou 75,4%). Na capital, fuzis e pistolas foram os mais confiscados, com 338 e 1.378 apreensões, respectivamente.
Os municípios do Rio, São Gonçalo, Campos, Caxias, Niterói, Nova Iguaçu, Belford Roxo, Volta Redonda, São João de Meriti e Angra dos Reis formam a lista das dez localidades onde ocorreram mais apreensões.