O celular de Guilherme Martins de Oliveira, de 20 anos, morto por PMs, durante uma operação em março deste ano no Complexo de favelas do Chapadão, em Guadalupe, na Zona Norte do Rio, foi encontrado dentro do blindado da Polícia Militar.
O aparelho ficou desaparecido por quase 40 dias, segundo parentes do rapaz. Eles afirmam ainda que os PMs que o encontraram não apresentaram o telefone na delegacia, como determina a lei. O celular só teria sido devolvido após o pai do jovem informar que tinha imagens do rastreador do telefone, que mostrava sua localização.
Antes de apresentar prints do aplicativo, o pai de Guilherme diz que foi informado que o celular não tinha sido encontrado. A Polícia Militar confirmou que o aparelho foi localizado dentro do blindado da corporação, veículo conhecido como caveirão. Segundo o rastreador do aparelho, o telefone esteve em três endereços diferentes antes de perder o sinal. Segundo o aplicativo que mostra a localização do telefone em tempo real, o aparelho ficou durante a noite do dia 5 de março dentro do blindado da PM, na entrada da comunidade na Rua Fernando Lobo.
“Nós decidimos acionar o rastreador do aparelho e ficamos acompanhando o telefone. A primeira localização indicou que o telefone estava perto de onde ocorreu o fato (assassinato do Guilherme), exatamente no local onde fica estacionado um caveirão da PM. Não é dentro da favela. É na ponta, onde tem um posto de gasolina em frente. O caveirão fica baseado ali 24 horas por dia”, comentou Erasmo.
A família de Guilherme continuou acompanhando o telefone e diz que o aplicativo de rastreamento do celular mostra que no dia seguinte o aparelho foi parar em um endereço na esquina entre as ruas Arquimedes Memória; e Ana Frank, em Vila da Penha, na Zona Norte do Rio.
O local fica bem perto da 27ª DP (Vicente de Carvalho), delegacia responsável por investigar a prisão de João Marcos da Silva.
Nesse momento, o pai de Guilherme achou que o telefone ficaria guardado na delegacia para que ele fosse lá buscar.
“No dia seguinte, o telefone apareceu na rua atrás da 27ª DP. E a gente acompanhando. Mas depois o telefone apareceu na Penha, em outro endereço. Depois ele voltou para a rua atrás da 27ª DP. E ai foi a última vez. Depois a gente não sabe mais o que aconteceu, se acabou a bateria ou se foi desbloqueado, a gente não sabe o que aconteceu com o telefone”. Flávio contou ainda que esteve na 31ª DP (Ricardo de Albuquerque), delegacia que registrou as mortes de Guilherme e Gabryel, para sua oitiva do caso, no dia 25 de março, 20 dias após a morte do filho. Mas no local ninguém sabia do telefone.
O pai de Guilherme levou as fotos do rastreador do telefone na 31ª DP. Contudo, segundo ele, o celular só apareceu no dia 13 de abril, 39 dias depois da operação no Chapadão.
Facebook Comments