Aos 100 anos de idade, o jornalista Hélio Fernandes morreu na madrugada desta quarta-feira (10), no Rio de Janeiro. Segundo jornal O Globo, ele teria morrido de causas naturais e o velório será restrito por conta covid-19.
Nome histórico da imprensa brasileira, ele estava em casa, no Rio, ao lado das duas filhas. Segundo uma delas, a fotógrafa Ana Carolina Fernandes, era assim que ele queria morrer. Não houve uma causa exata para o óbito. Preso diversas vezes durante a ditadura militar, Hélio comandou a Tribuna da Imprensa, jornal fundado pelo amigo Carlos Lacerda, ex-governador do então estado da Guanabara. As detenções se deram após críticas ao regime. Ele foi levado a presídios em Fernando de Noronha e no interior de São Paulo. Assim como Lacerda, Hélio apoiou o golpe de 1964, mas logo depois passou a criticar os militares e o presidente Humberto Castelo Branco. Dois anos depois, tentou se candidatar a deputado federal pelo MDB, mas teve os direitos políticos cassados por dez anos e foi preso após um debate na PUC-Rio. Também ficou proibido de assinar artigos – para driblar a censura, adotou o pseudônimo de João da Silva.
Hélio assumiu a assessoria de imprensa da campanha de Juscelino Kubitschek à Presidência da República. Mesmo aos 100 anos, o jornalista se mantinha lúcido e tinha uma conta no Facebook. Recentemente, foi protagonista do documentário Confinado, que conta sua trajetória e a experiência nas prisões.