Cerca de 40 pessoas ficaram com o rosto deformado após realizar sessões de harmonização facial, com uma dentista, em Campos dos Goytacazes, interior do Rio de Janeiro. As clientes pagavam por aplicação de ácido hialurônico, mas Giselle Gomes utilizava uma substância mais barata e perigosa, o polimetilmetacrilato – o PMMA, não indicado para tratamentos estéticos. A matéria foi exibida no último domingo, no Fantástico.
Em seu perfil no Instagram, a dentista dizia trabalhar com harmonização orofacial, botox, bichectomia, fios e lipoaspiração. Segundo as vítimas, Giselle era persuasiva e conseguia convencer as clientes a fazer diversos tipos de tratamento em seu consultório.
Giselle ostentava diversos certificados nas redes sociais. No entanto de acordo com uma investigação da 134ªDP (Campos dos Goytacazes), Giselle não tinha permissão para realizar os procedimentos. Além disso, as vítimas da dentista, muitas vezes, não tinham certeza sobre o procedimento realizado no consultório.
A advogada de pelo menos 25 vítimas, Andréa Paes, diz que Giselle conseguiu se aproximar das clientes e se mostrar prestativa nas primeiras consultas. No entanto, quando era necessário realizar uma revisão, ou havia reclamações sobre os procedimentos, ela assumia uma personalidade agressiva.
Na casa de Giselle foram encontradas diversas seringas de PMMA, além de cheques não descontados e uma agenda de atendimentos que dão conta de 50 clientes por dia.
O Ministério Público denunciou Giselle por lesão corporal gravíssima, estelionato e exercício ilegal da profissão. Além disso, a Justiça também suspendeu as redes sociais da dentista e afastou a dentista das funções.
A Anvisa diz que a decisão sobre a aplicação do PMMA cabe aos conselhos profissionais. O Conselho Regional de Odontologia diz que a aplicação é permitida por lei, mas como Giselle foi denunciada por uma paciente, a dentista será investigada em um conselho ético que irá apurar a conduta da profissional.