Educação, Pesquisa e Conservação. É este o tripé que se mostrou muito bem-sucedido no Aquário Marinho do Rio e que agora também fundamenta as atividades do BioParque do Rio, um novo conceito de zoológico, em sintonia com as melhores práticas mundiais de bem-estar animal e conservação ambiental. Localizado no coração da Quinta da Boa Vista, área de extremo valor histórico e cultural da cidade, o BioParque do Rio (antigo RioZoo) abrirá suas portas ao público no próximo dia 22 de março, com muita informação para a educação ambiental durante todo o passeio. O parque irá reverter parte do valor da venda de seu programa de sócio anual para pesquisas sobre as espécies e os ecossistemas que hoje se encontram ameaçados. Mais de 20 projetos estão mapeados e serão realizados em parceria com as principais universidades e institutos de pesquisa do país.
Ambos os parques são geridos pelo Grupo Cataratas, principal empresa de ecoturismo do país, que transformou por completo as antigas instalações do zoológico em novos espaços para proporcionar aos animais que vivem no parque mais qualidade de vida e bem-estar e, ao mesmo tempo, permitir experiências imersivas e transformadoras para o público.
“A proposta é que o BioParque do Rio trabalhe com espécies associadas a programas de pesquisa para a conservação. Esta mudança será gradativa, uma vez que ainda temos animais – muitos deles em idade avançada – oriundos do tráfico, Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), de resgates diversos e que continuarão no parque, recebendo todo suporte. O objetivo com essa virada para BioParque é passar a ter espécies conforme o Plano de População aprovado por autoridades, no qual cada animal tem um propósito, seja de pesquisa sobre o comportamento, mapeamento genético ou mesmo reprodução para a participação de projetos de refaunação” (reinserção de animais à natureza), explica Manoel Browne, diretor de Operações.
O BioParque do Rio quer sensibilizar as pessoas sobre a importância da conservação e mostrar, na prática, o que pode ser feito para reverter a perda da biodiversidade. Por isso, é uma das instituições mundiais que participa da “Década da Restauração dos Ecossistemas”, período entre os anos de 2021 e 2030 anunciado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) como determinante para restaurar a biodiversidade, ou seja, recuperar espécies de animais que se encontram ameaçadas na Natureza, seja pela perda de seus habitats, tráfico, caça e outros fatores.
Dentro desse contexto, o BioParque tem como missão atuar em parceria com instituições do mundo todo para promover um intercâmbio de informações e estudos das espécies para que se coloque em prática importantes programas de conservação. “Bons zoológicos e bons aquários têm um papel fundamental na restauração dos ecossistemas que se perderam ou que correm sérios riscos. Sem a atuação deles, muitas espécies podem desaparecer para sempre da natureza”, destaca Pablo Morbis, presidente do Grupo Cataratas.
Uma experiência transformadora
O BioParque do Rio tem a proposta de reconectar o público com a natureza. Para isto, os ambientes passaram por uma reformulação completa para garantir condições de bem-estar aos animais em recintos adequados a cada indivíduo. Também foi promovida a integração de espécies, juntando portanto, aqueles animais que antes viviam isolados ou em pequenos grupos. O visitante irá perceber essa mudança com a instalação das barreiras naturais em muitos desses espaços; já em outros, onde é imperativo, foram usadas barreiras físicas, mas não há mais grades, nem jaulas como antes. Tudo foi pensado para que essa interação aconteça em total segurança, respeitando o bem-estar e aproximando o público dos animais.
Fãs do BioParque do Rio podem aderir ao programa de sócio anual, garantindo acesso ilimitado ao parque pelo período de um ano, pagando um valor único de R$ 80, o titular, podendo incluir até sete dependentes a R$ 60, cada, com possibilidade de parcelamento em até 12 vezes. Quem aderir ao sócio anual ainda ajuda a financiar o programa de pesquisa e conservação de espécies ameaçadas mantido pelo BioParque. O programa também dá direito a um horário antecipado ao circuito, catraca express, descontos em loja, lanchonetes e restaurantes e acesso exclusivo a atividades educativas.
O circuito de visitação
O passeio começa pelo espaço conhecido como IMERSÃO TROPICAL. Lá estão mais de 40 espécies, em sua grande maioria aves como o simpático tucano-do-bico-preto batizado pela equipe do Bioparque como “TucTuc”. O espaço também é habitado por araras-azuis-grandes, araras-canindé, araras-vermelhas e papagaios. Os guarás-vermelhos, seriemas e mutuns-do-sudeste são atrações à parte nessa área de quase dois mil metros quadrados onde também vivem cutias, ouriços terrestres e bicho-preguiça. O ponto alto da experiência nesse grande viveiro de imersão é a revoada das aves, especialmente, das araras, que reaprenderam a voar por meio do fortalecimento de suas musculaturas, antes atrofiadas por viverem em gaiolas, trabalho esse que foi realizado pelas equipes do bioparque. A sensação é de estar dentro de uma floresta!
Mais adiante, o público chega à VILA DOS RÉPTEIS. Nesses ambientes abertos e cercados por painéis transparentes estão os jacarés-de-papo-amarelo que convivem em harmonia com tartarugas-amazônicas e cágados. Cobras píton podem ser vistas no espaço que fica ao lado. Eles foram os primeiros a se mudar e vivem em um ambiente que reproduz, de forma muito próxima, seu habitat natural.
Ao lado dos répteis, fica o JARDIM DE BURLE MARX projetado pelo famoso paisagista brasileiro e que agora volta a seus tempos áureos, totalmente revitalizado. Este espaço é o agradável lar de flamingos que passeiam pelas curvas do projeto paisagístico, esbanjando harmonia e elegância.
O leão Simba e o tigre William poderão ser vistos na área REIS DA SELVA, em espaços projetados para recriar de forma mais próxima possível seus locais de origem. Simba herdou em seu espaço parte do projeto arquitetônico assinado por Índio da Costa que na década de 60, foi projetado para moradia dos ursos do Himalaia.
A elefanta Koala recebe um novo espaço de cerca de 7 mil metros quadrados, dez vezes maior ao que vivia anteriormente. Nele, o público poderá ver de perto o nado da elefanta através de um grande painel de acrílico.
O BioParque do Rio também ganha o espaço POLINIZADORES. Trata-se de uma redoma de tela onde os visitantes poderão entrar e ter contato com pequenos insetos polinizadores e borboletas. Este novo espaço será ornamentado com muita vegetação, flores, e futuramente deverá receber pequenos répteis e anfíbios.
O parque também contará com um ANFITEATRO, uma área para eventos, destinada a apresentações de ações educativas voltadas para o entretenimento.
Bem em frente a estes locais, a FAZENDINHA segue cumprindo com seu papel educativo. É nela que as crianças poderão conhecer a origem dos alimentos que consumimos no dia a dia, como leite e ovos, além de ter um contato próximo com os animais domésticos, entre eles, a mini vaca Vitória, pôneis e cabras. Imagina poder alimentar uma cabra, escovar uma vaca, ver uma galinha com pintinhos e coelhos com seus filhotes? Na Fazendinha, isto é possível.
É na ala dedicada aos CARNÍVOROS que estão a onça-parda, o gato-do-mato a jaguatirica e a onça-negra Poty, recém chegada do Refúgio Biológico Bela Vista, em Itaipu. Símbolo da biodiversidade brasileira, no BioParque do Rio, a onça-pintada faz parte de um importante e inédito estudo genético para a conservação da espécie.
A ILHA DOS PRIMATAS é outro ambiente que promete encantar quem visitar o BioParque do Rio! Nela, vivem cinco espécies de pequenos primatas, entre eles, o macaco-aranha-da-testa-branca, o cuxiú, o parauacu, o sagui e o bugio. Os animais ficarão bem próximos aos visitantes que poderão conferir essa interação de um lado a outro da ilha, observando-os transitando por uma ponte suspensa. No rio que circunda o espaço, estão lagos habitados por peixes amazônicos.
Próximo dali, em uma nova área imersiva de mais de 1,3 mil metros quadrados, o público chega ao espaço destinado aos animais de um importante bioma brasileiro: o CERRADO. Ali, estão espécies como a ema, o tamanduá-bandeira, capivaras, catetos e antas.
Em frente aos primatas, o casal de lobos-guarás e as irmãs orangotango ganharam recintos maiores, com mais espaço, conforto e muito mais interativos, onde poderão se exercitar.
O final do passeio fica por conta da chegada à SAVANA AFRICANA. Com mais de 13 mil metros quadrados e cerca de 10 espécies que vivem naquele continente, o espaço é cortado por um rio de 250 metros de extensão e uma passarela suspensa que possibilita que os visitantes contemplem os animais que ali vivem, entre eles, o casal de hipopótamos Bocão e Tim, que agora vivem juntos. A Savana é o local onde o público poderá ver, até o fim do ano, animais como zebras, impalas, girafas, grous e avestruzes.
Os visitantes poderão aproveitar a nova ÁREA GASTRONÔMICA, a charmosa LOJA, um parquinho dos mascotes do parque dedicado para as crianças e a ALAMEDA MACACO TIÃO totalmente revitalizada.
Resgate da História do Brasil
Localizado ao longo de toda a extensão da Savana Africana está o BOULEVARD HISTÓRICO, com boa parte de sua estrutura construída durante o Império. Ali estão o estábulo que era utilizado pela corte, um calçamento com pedras brutas conhecido como “pé-de-moleque” que foi preservado e um conjunto histórico que data de 1868, fundado por D. Pedro II, que na época abrigou a Escola Mista da Imperial Quinta da Boa Vista.
Durante a obra – que durou pouco mais de dois anos e precisou ser paralisada em função da pandemia – também foram encontrados mais de 50 mil achados arqueológicos que remontam, em sua maioria, o dia a dia de trabalhadores que serviam a Família Imperial no século XIX. Dentre eles, estão parte de louças, botões, moedas, tinteiros, ornamentos, medalhas e ferraduras. Foram também identificadas estruturas associadas à existência e funcionamento das cocheiras imperiais, onde eram tratados os animais e carruagens da Corte Imperial.
Os itens encontrados foram entregues ao Museu Nacional para guarda, porém, os visitantes poderão conhecer alguns dos itens e muito mais sobre essa história visitando a exposição permanente que será instalada no Bioparque do Rio. A exposição ocupa uma antiga edificação que previamente serviu de escola para os filhos e filhas dos servidores da Corte, ainda na época do Império. Lá, o visitante poderá fazer uma viagem ao passado e entender os mais de 200 anos de ocupação da Quinta da Boa Vista.
Todo o processo de resgate histórico contou com o acompanhamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e curadoria do Museu Nacional
Outro importante marco histórico foi a restauração do pórtico de entrada do BioParque do Rio, que chegou ao país em 1816 como presente a Dom João VI pelo casamento de D. Pedro I e a Princesa Leopoldina e originalmente foi instalado em frente ao Palácio Imperial, hoje Museu Nacional.
Acessibilidade
O BioParque do Rio é um dos espaços mais acessíveis do Brasil. Desde a sua concepção, o projeto garante o acesso universal a pessoas portadoras de todos os tipos de deficiência ou limitações físicas. A pavimentação recebeu um cuidado especial, promovendo conforto ao longo de todo o circuito de visitação, especialmente para idosos e pessoas com deficiência. O parque conta ainda com piso tátil, rampas, banheiros acessíveis e, em breve, comunicação em LIBRAS.
O BIOPARQUE EM NÚMEROS
Animais
Cerca de 1,1 mil animais
Cerca de 140 diferentes espécies
Área dos espaços
Savana Africana: 13 mil metros quadrados
Elefantes: 7 mil metros quadrados
Ilha dos Primatas: 1.200 metros quadrados
Reis da Selva: 1.250 metros quadrados (total de três espaços)
Imersão Tropical: 2.000 metros quadrados
Cerrado: 1,3 mil metros quadrados
Hipopótamos: 880 metros quadrados
Área dos tanques
250 m² hipopótamos
Elefante 150 m² cada
Volume de água dos tanques
Aquário dos hipopótamos: 520 mil litros
Elefante: 350 mil litros (tanque com visor) e 300 mil litros no outro tanque
Extensão do Rio da Savana Africana: 250 metros