A polícia já sabe que o traficante Dalton Vieira Santana, o “DT”, ex-namorado de Bianca Lourenço, de 24 anos, desaparecida desde domingo, dia 3, no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio, era obcecado pela jovem, por isso, a monitorava. No dia em que Bianca foi vista pela última vez, Dalton, armado de fuzil, invadiu uma casa onde ela dormia, na comunidade. O traficante chegou aos gritos: “abre a porta ou eu vou arrombar”. O ex-namorado foi direto para o quarto, bateu com a coronha da arma na boca da jovem e a arrastou até um veículo Hyundai HB20 cinza, estacionado na porta do imóvel.
A cena descrita foi reconstituída pelos investigadores da 22ª DP (Penha) e ocorreu por volta de meio-dia de domingo. Segundo a polícia, Dalton é um dos chefes do tráfico do Complexo e da favela Kelson’s, também na Penha. Ele foi avisado por um outro comparsa, o traficante Enzo da Silva da Silva Costa, o “Da Mamãe KS”, de que Bianca estava na casa de amigos no morro.
Por volta de 12h30min de domingo, Enzo viu, por uma brecha da janela, a jovem dormindo no imóvel. Em seguida, o traficante, uma espécie de homem de confiança de Dalton, avisou ao chefe sobre a localização dela. Em menos de 30 minutos, Dalton já estava no local. Como Bianca estava de biquíni, o ex-namorado mandou que ela vestisse uma blusa para sairem de lá. A jovem não o obedeceu. Respondeu que não iria com ele. Foi então que ela foi agredida com a coronhada no rosto, chegando a aparar o sangue que escorria pela boca com as mãos. Dalton a arrastou à força para o carro, com ajuda de Enzo e outro cúmplice, todos armados.
O casal estava separado desde agosto do ano passado. O fim do relacionamento teria sido uma iniciativa do próprio traficante, que não acreditava que ela aceitaria a separação. Ao contrário do que ele imaginava, logo depois do fim do namoro, Bianca postou numa rede social um desabafo, no qual dizia estar feliz por voltar a viver em paz.
Por volta das 8h de segunda-feira, dia 4, segundo a polícia, moradores do morro teriam tomado conhecimento de que o corpo de Bianca estaria no porta-malas de um carro com o rosto desfigurado por tiros. O veículo seria semelhante ao usado no dia em que ela foi retirada da casa de amigos. O Hyundai HB20 cinza estaria estacionado no local chamado Vacaria, no alto do morro. No entanto, mais tarde, por volta das 19h do mesmo dia, os traficantes teriam tirado o corpo de lá e levado para a favela Kelson’s, na Penha, onde Dalton também tem bocas de fumo. Para a polícia, para Bianca ter sido assassinada na comunidade, seria necessária a permissão do “dono do Complexo da Penha”, o traficante Edgar Alves de Andrade, o Doca.