Diana Pires
Preso na manhã da última quinta-feira, dia 5, no Espírito Santo, por chefiar uma quadrilha especializada no furto de combustível, Denilson Silva Pessanha, o Maninho do Posto, nem tinha um carro próprio, segundo a Polícia Civil. Maninho, um dos bandidos mais procurados do Rio de Janeiro e apelidado Barão do Petróleo, mudou de nome e de família na tentativa de se esconder.
“Ele nem tinha carro. Usava veículos de aplicativos para não chamar atenção. Morava em um apartamento simples, mas tinha uma vida de luxo. No Espírito Santo, possuía seis postos de gasolina em várias cidades, tudo em nome de terceiros”, disse o delegado Felipe Curi, diretor do Departamento de Polícia Especializada (DGPE).
Denilson tinha a imagem de um empresário bem-sucedido e levava uma vida discreta, medida para não levantar suspeitas da polícia local. De acordo com a Polícia Civil, todo o patrimônio foi conquistado com o furto de combustível diretamente dos oleodutos da Petrobras. Maninho do Posto, que é ex-vereador de Duque de Caxias, foi preso por policiais civis da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados ( DDSD) em Vila Velha e levado de volta para o Rio.
Com base em informações do Setor de Inteligência e do Disque-Denúncia, os agentes localizaram e prenderam Maninho do Posto no município de Vila Velha, no Espírito Santo. No Portal dos Procurados, a recompensa por informação sobre o seu paradeiro era de R$ 5 mil.
Maninho do Posto foi surpreendido por policiais da DDSD, que tiveram o apoio de agentes da Delegacia Especializada de Narcóticos (Denarc-ES), nas primeiras horas da manhã de quinta-feira. Maninho do Posto morava no bairro Praia da Costa, um dos principais e mais caros do município de Vila Velha. Mesmo vivendo na cidade capixaba, as investigações mostraram que Maninho do Posto continua explorando o furto de combustíveis na Baixada Fluminense.
“Embora movimentasse uma quantia vultosa com o furto de combustível, Denilson Pessanha levava uma vida discreta e adotava uma série de artifícios para não chamar a atenção. Ele estava tão confiante de que não seria localizado, que ficou surpreso quando eu e minha equipe chegamos. Não ofereceu resistência e pouco falou. Antes que ele entre no sistema penitenciário, ainda quero ouvi-lo na delegacia”, disse o delegado André Leiras, titular da DDSD.
Segundo promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público do Rio (MPRJ), as investigações revelam que a quadrilha, com núcleos em Duque de Caxias, Minas Gerais e em São Paulo chefiados pelo ex-vereador, sabia exatamente o que queria furtar. No Rio, o grupo mirava locais que seriam escavados para perfuração dos oleodutos, quase sempre em pontos distantes das rodovias. Durante a escavação, feita em período noturno ou de madrugada, o grupo usava a escolta de homens armados, para evitar a aproximação de curiosos.
Para romper os dutos, segundo denúncia do MPRJ, Maninho contratava uma espécie de mão de obra especializada. Esta parte do bando era encarregada de fazer a perfuração e de instalar válvulas nas tubulações, que, com auxílio de mangueiras, levavam gasolina, etanol, nafta e até óleo cru (petróleo) para caminhões-tanque.
Os núcleos de São Paulo e Minas seriam encarregados de contratar motoristas para levar os produtos roubados para esses dois estados. Segundo inquérito da Delegacia de Defesa de Serviços Delegados, a ação dos bandidos ocorreu em tubulações que cortam a Baixada, principalmente em Caxias e Magé. Em alguns casos, o bando chegava a transportar 40 mil litros furtados em uma só viagem. Um motorista que foi preso em flagrante revelou que iria receber R$ 8 mil pelo serviço.