De bem com as escolhas do destino e na luta por uma cidade inclusiva – Povo na Rua
         

De bem com as escolhas do destino e na luta por uma cidade inclusiva

rose cidade inclusiva

A Poliomelite mudou o destino da vida de Rosemary Ignácia Pereira quando ela tinha apenas 2 anos de idade. O mundo era outro e o acesso à saúde pública idem. Rose, como é conhecida atualmente, só voltou a andar aos 12 anos de idade, após passar por quatro cirurgias. Foi quando ela começou a estudar e não parou mais de absorver conhecimento e se capacitar.

Formou-se no Ensino Médio com o magistério para ser professora, fez curso de cabelereira para exercer melhor a função no salão onde trabalhava e seguiu a sua vida. Mas ela sabia muito bem as dificuldades que as pessoas com deficiência encontravam na Niterói dos anos 1990 e foi ali que surgiu a oportunidade que colocaria a sua vida em outro rumo.

Ela foi convidada para trabalhar na Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (Andef) em um convite pessoal da então presidente da instituição, doutora Tânia Rodrigues. “Na época, Niterói não era uma cidade inclusiva. Então a associação foi criada para chamar atenção para os órgãos de governo. Para que a vida das pessoas com deficiência fosse facilitada, com acessibilidade e atendimentos em questões de saúde”.

A Andef desenhou um caminho surpreendente na vida de Rosy, que passou a jogar basquete de cadeira de rodas no time masculino da associação e chegou à seleção brasileira feminina, sendo duas vezes medalha de prata em Jogos Pan-Americanos. Além disso foi sete vezes campeã brasileira jogando por outra instituição.

Sua rotina era trabalho, esporte e apoio à luta da pessoa e da mulher com deficiência. E assim ela desenhou a sua vida ao ponto que está hoje. Depois de passar um bom tempo em Niterói voltou a Itaboraí, cidade onde nasceu, e encontrou uma cidade com acessibilidade bem pior do que Niterói.

“Eu comecei a trabalhar aqui em Itaboraí mostrando para as pessoas com deficiência que nós tínhamos que lutar junto aos vereadores, fazer um lobby para garantir vaga para deficiente estacionar, garantir que o comércio tivesse caixa prioritário garantir rampa nas calçadas para os deficientes cadeirantes descerem, garantir a inclusão, de fato, nas escolas”.

Agora, com a vida profissional estabilizada, a professora de história e gestora educacional entende que chegou a hora de ser a voz das pessoas com deficiência de Itaboraí na Câmara Municipal da cidade. “Aqui nós não temos nada que traga benefício para a pessoa com deficiência. Não há mobilidade urbana. Se você sentar em uma cadeira de rodas você não consegue ir ao Centro, não consegue pegar ônibus. Cego e deficiente físico vivem uma eterna quarentena. Então, o nosso sonho é tornar a cidade inclusiva”. “Se Deus está me dando essa oportunidade é porque eu preciso cuidar”.