O Ministério Público Federal pediu à Justiça a restituição à União de mais de R$ 230 milhões do patrimônio de réus da Lava Jato que fizeram acordos de delação premiada. Os valores pertencem a duas famílias e incluem depósitos e valores em espécie, além de 33 apartamentos, casas e terrenos em bairros valorizados do Rio e São Paulo. As famílias em questão são a de Dario Messer e de Rafael Libman. Messer é conhecido como o “doleiro dos doleiros” e Libmann era seu genro, que também atuava como operador.
Os imóveis deverão ser leiloados e os valores transferidos para a conta da União. Entre os bens da família Messer estão: cobertura no Leblon, Zona Sul do Rio sete apartamentos e um terreno na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio casa na Lagoa, Zona Sul do Rio apartamento em Copacabana, Zona Sul do Rio duas salas comerciais no Leblon Entre os bens da família Libman estão: lancha avaliada em R$ 150 mil oito apartamentos no Recreio, Zona Oeste do Rio dois apartamentos no Itaim Bibi.
Os réus também renunciaram a bens no Paraguai e nos Estados Unidos. R$ 1 bilhão devolvidos A delação de Messer foi homologada pela Justiça em agosto e ele deve devolver R$ 1 bilhão. Messer é réu em processos da Lava Jato no Rio por esquemas nacionais e transnacionais de lavagem de dinheiro, além de outros crimes.
De acordo com o MPF, o acordo com Messer é em “escala inédita” na Justiça brasileira. O combinado é que Messer deverá cumprir pena de até 18 anos e 9 meses de prisão, com progressão de regime prevista em lei – o regime inicial é o fechado. Outra cláusula prevê a renúncia, em favor dos cofres públicos, de mais de 99% do patrimônio do doleiro, estimado em cerca de R$ 1 bilhão.
Os bens incluem imóveis de alto padrão e valores no Brasil e no exterior, além de obras de arte e um patrimônio no Paraguai ligado a atividades agropecuárias e imobiliárias, que deverão fundamentar um pedido de cooperação com as autoridades paraguaias para sua partilha com o Brasil. Doleiro é investigado desde os anos 1980 Antes de ser preso em julho do ano passado, Messer esteve no radar da Polícia Federal por cerca de 30 anos, sendo citado em inquéritos policiais desde o fim dos anos 1980.
Já naquela época, o doleiro aparecia como operador de personalidades como o então patrono da Escola de Samba Salgueiro, Waldomiro Paes Garcia, o Miro. Há 15 anos, a Comissão Parlamentar de Inquérito do Banestado também esbarrou em Messer. Na ocasião, foi descoberta uma movimentação de forma irregular de R$ 8 bilhões, entre 1996 e 2002 ligada ao doleiro.
Messer chegou a ser indiciado, mas não foi preso. No Mensalão, a PF apontou o doleiro como o responsável por enviar US$ 1 bilhão de forma irregular para o exterior e depositar o valor equivalente em reais em contas para integrantes do PT no Banco Rural. Dario Messer também apareceu no caso Swissleaks como proprietário de uma offshore no Panamá.