Em carta, ex-jogador relembra a primeira vez em que tomou cerveja e qual foi a reação do pai
Adriano Imperador respondeu a um texto publicado pelo jornal espanhol ‘Marca’ no qual resume sua vida a álcool e favela. Em carta escrita ao site ‘The Players Tribune’, o ex-jogador explicou sobre o fato de beber quase todos os dias e também contou os motivos – já conhecidos – de passar boa parte do tempo na Vila Cruzeiro.
“Vou avisar que tamo brotando na área. Hoje tu vai entender o que o Adriano realmente faz quando está com os seus parceiros em um lugar muito especial. Sem folclore ou manchete mentirosa de jornal. A real. À vera (…) Muita gente não sacou porque abandonei a glória dos gramados pra ficar aqui sentado bebendo em aparente deriva”, afirma.
Com fotos em locais onde costuma ficar na comunidade do bairro da Penha, Adriano começa a carta abrindo o coração ao admitir que foi uma promessa que poderia ter sido maior do que apenas isso. E é duro consigo mesmo.
“… Inclusive uma promessa não cumprida. O maior desperdício do futebol: Eu”, começa o texto.
O caso com o álcool
Em uma explicação para gostar tanto de beber, o ex-jogador parece responder ao jornal espanhol, que chegou a citar que ele teve uma “queda ao inferno” desde sua aposentadoria e que passa uma imagem “preocupante”.
“Por que uma pessoa como eu chega ao ponto de beber quase todos os dias? Não gosto de dar satisfação para os outros. Mas aqui vai uma. Porque não é fácil ser uma promessa que ficou em dívida. Ainda mais na minha idade”, diz.
Adriano vai além e lembra-se da infância com a família e os amigos. O pai, Almir Leite Ribeiro, o Mirinho, é ponto central dessa história. Em outra parte do relato, Adriano Imperador conta como foi a primeira vez em que bebeu uma cerveja:
“Peguei um copo de plástico e enchi de cerveja. Aquela espuma amarga e ralinha descendo pela primeira vez teve um sabor especial. Um mundo novo de ‘diversão’ se abria à minha frente”.
O ex-jogador revela que o avô era alcoólatra e morreu disso. E que o pai Mirinho tinha uma preocupação grande em evitar que o filho e os garotos da Vila Cruzeiro ficassem bebendo.
“Minha mãe estava na festa e viu a cena. Ficou quieta, né? Já o meu pai… P… que p… Quando me viu com o copo na mão, atravessou o campo naquele passo apressado de quem não pode perder o ônibus: ‘Pode parar’, ele disparou. Curto e grosso, como de costume”.
“O velho ficou louco. Arrancou o copo da minha mão e jogou fora na sarjeta mesmo. ‘Eu não te ensinei isso, xará’, ele disse”.