No último sábado (13/07), o Centro Espírita Axé das Almas, um terreiro de umbanda na cidade de Maricá, região metropolitana do Rio de Janeiro, sofreu ataques de depredação. O crime ocorreu de madrugada no bairro de Itaipuaçu. Segundo informações, o local foi queimado e houve destruição de imagens e utensílios religiosos.
Em nota, a Prefeitura de Maricá repudiou a violência. De acordo com o município, considerando o tipo de objetos destruídos, existe a suspeita de que “o ataque tenha sido motivado por intolerância religiosa”. Ainda conforme o texto, a Secretaria Municipal de Assuntos Religiosos está acompanhando as investigações do crime e presta apoio e solidariedade à casa. A Polícia Civil já abriu inquérito para investigar o caso.
Procurada pela Agência Brasil, Mãe Nilce de Iansã, coordenadora da Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde (Renafro), afirmou que desconhecia os detalhes do ocorrido.
“Infelizmente, continuamos sofrendo com o racismo religioso. Fizemos um pesquisa e levamos à Organização das Nações Unidas, mas não temos uma política pública que nos ajude nesse sentido”, afirmou Mãe Nilce.
Em 2023, as delegacias do estado do Rio de Janeiro registraram cerca de 3 mil crimes possivelmente relacionados à intolerância religiosa. Dentre eles, houve 2.021 casos de injúria por preconceito e 890 de preconceito por raça, cor, religião, etnia e procedência nacional. Esses números fazem parte de um levantamento inédito do Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP).
Além disso, a intolerância religiosa representa um terço dos processos de racismo entre os 176 mil crimes processados por crime racial, segundo dados da startup JusRacial.