Informações sobre as suspeitas de participação do governador em exercício Cláudio Castro (PSC) em um esquema de corrupção na Fundação Leão XIII — a partir da delação de Bruno Campos Selem — já foram compartilhadas com o grupo de atuação do Ministério Público que investiga pessoas com foro especial na esfera estadual.
O depoimento de Selem indica o pagamento de propinas para Cláudio Castro. O governador nega as denúncias. O suposto esquema na Leão XIII foi alvo da Operação Catarata 2, em que foram presos o ex-secretário de Educação, Pedro Fernandes, e a ex-deputada federal e ex-secretária municipal Cristiane Brasil.
Por determinação judicial, as informações sobre Cláudio Castro na investigação da 4ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada foram repassadas ao Grupo de Atuação Originária Criminal (Gaocrim) do Ministério Público do Rio de Janeiro. Se denunciado pelo procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem, Castro será julgado pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado.
Questionado sobre as investigações, Cláudio Castro afirma que não é objeto de investigação e “ressalta que o vazamento inescrupuloso de dados protegidos por sigilo é crime amparado pela nova Lei de Abuso de Autoridade”. Na quarta-feira (16), a GloboNews mostrou imagens de Castro em um encontro com um empresário, Flávio Chadud, em que ele teria recebido cerca de R$ 100 mil em propina de empresa investigada, segundo um delator. Castro já era vice-governador quando as imagens foram feitas, em julho de 2019. O encontro teria acontecido um dia antes da primeira fase da operação Catarata, em 2019. Segundo o Ministério Público, Cláudio Castro é suspeito de receber propina de uma empresa que tinha contratos milionários com o governo.
Castro enviou a seguinte nota sobre o encontro:
“O governador em exercício Cláudio Castro afirma que é mentirosa a especulação do delator Bruno Selem de recebimento de propina. Além disso, esclarece que jamais encontrou o delator no escritório da referida empresa. É importante frisar que, apesar de conhecer o Sr. Flávio Chadud, Cláudio Castro determinou, logo no início de sua gestão, o corte na ordem de R$ 7 milhões no contrato do empresário com o Governo do Estado”.
Em nota, o Ministério Público afirmou que “Investigações relativas a casos da atribuição originária do Procurador-Geral de Justiça tramitam na Subprocuradoria de Justiça Criminal em absoluto sigilo, razão pela qual o MPRJ não se manifestará”.