Diana Pires
A Polícia Civil do RJ e o Ministério Público do Rio de Janeiro identificaram, depois de cinco anos de investigações, um esquema de lavagem de dinheiro do Comando Vermelho, a maior facção do tráfico de drogas do RJ. Essa rede de pessoas físicas e empresas — muitas de fachada — é alvo da Operação Overload 2, deflagrada ontem. Segundo a força-tarefa, em pouco mais de um ano, 10 CPFs e 35 CNPJs movimentaram R$ 200 milhões — com ordens que partiam de dentro de presídios.
Entre os 12 denunciados estão os líderes da organização, Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, e Márcio Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, ambos presos na penitenciária federal de Catanduvas. Além de expedir os mandados, a 1ª Vara Criminal Regional de Madureira também determinou o bloqueio de contas bancárias ligadas ao esquema. Agentes saíram para cumprir 28 mandados de busca e apreensão — não há mandados de prisão — em 10 cidades de cinco estados. No Rio, os endereços visados eram em Ramos e na Penha.
A lavagem, segundo a polícia, ocorria quando o dinheiro das atividades criminosas era depositado nas contas dessas empresas e “transformado” em salários ou lucro — o que daria uma aparência de legalidade.
“No transcorrer da investigação, foram detectadas inúmeras negociações de vendas de armas e drogas pela organização criminosa, sendo identificadas diversas contas bancárias envolvidas na transação”, afirmou a polícia, em nota.
As pessoas jurídicas utilizadas na atividade criminosa ficavam situadas no Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. “Algumas delas nem sequer possuíam sede própria ou funcionários cadastrados”, destaca a polícia no texto.
Segundo o delegado Pedro Brasil, muitas dessas empresas de fachada foram “abertas” em áreas de fronteira. “Essa localização é estratégica, porque facilita o fluxo do dinheiro e do fornecimento de armas e drogas”, explicou.
Além do Rio, agentes cumpriram mandados em Campo Grande (MS), Ponta Porã (MS), Curitiba (PR), Araucária (PR), Guarapuava (PR), Ponta Grossa (PR), São José dos Pinhais (PR), Belo Horizonte (MG) e Mafra (SC). As investigações começaram com a apreensão de um celular pertencente a um integrante da facção criminosa, durante incursão policial no Morro do Juramento, em 2014.
“Um relatório de interceptação telefônica revelou diversas mensagens entre criminosos onde foram indicadas ao menos 28 contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas, que serviam para ocultar, circular e dissimular a origem do dinheiro obtido ilicitamente pela organização criminosa através do tráfico de drogas e armas”, afirmou o MP.