Diana Pires
A deputada federal Flordelis dos Santos de Souza mantém lotado em seu gabinete na Câmara dos Deputados, em Brasília, um de seus filhos afetivos com o qual é proibida pela Justiça de manter contato. Gerson Conceição de Oliveira, que é secretário parlamentar e recebe R$ 15,6 mil, está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo por suspeita de participação na morte do pastor Anderson do Carmo. No último dia 24, Flordelis foi denunciada por ser mandante do crime.
Gerson, que também é pastor e tem comandado os cultos da igreja de Flordelis, foi nomeado para o cargo de secretário parlamentar no início do mandato, em fevereiro de 2019. Outros dois filhos afetivos da parlamentar – Carlos Ubiraci e André Luiz de Oliveira – que também eram lotados no gabinete foram exonerados após terem sido presos acusados de participação na morte de Anderson. Gerson, entretanto, foi mantido no cargo.
Como Flordelis não pode ser presa, em razão de sua imunidade parlamentar, a juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói, determinou que a pastora cumpra algumas medidas cautelares. Uma delas é a proibição de manter contato com qualquer testemunha da morte de Anderson, outros réus no processo e também aqueles que ainda estão sendo investigados, como é o caso de Gerson.
Após conclusão da segunda fase das investigações, na qual Flordelis, sete filhos e uma neta foram indiciados, a polícia civil abriu um novo inquérito para continuar apurando a participação de outras pessoas no crime. Além de Gerson, estão sendo investigados a neta biológica de Flordelis, Lorrane dos Santos Oliveira, a empregada da família, Gilcinéa Teixeira do Nascimento, e o motorista da pastora, Márcio da Costa Paulo, conhecido como Buba.
Gerson chegou à casa de Flordelis em 2006, quando foi colhido como filho afetivo da pastora. Ele morou na casa até 2013, quando se casou. Filhos afetivos são aqueles nunca adotados formalmente, e que por isso não possui Flordelis como mãe em suas certidões de nascimento. Apesar disso, a polícia civil do Rio e o Ministério Público estadual viram indícios de nepotismo – prática pela qual um agente público usa de sua posição para nomear ou contratar parentes – no gabinete da deputada, por isso provas foram encaminhadas para a Procuradoria Geral da República.