Manual gratuito para escolas e famílias traz dicas para facilitar a convivência no dia a dia – Povo na Rua
         

Manual gratuito para escolas e famílias traz dicas para facilitar a convivência no dia a dia

Todo mundo tem um vizinho complicado, uma tia que desconhece o significado da palavra limites, um colega de trabalho ou da escola que pensa e age de forma muito diferente, o que acaba gerando um sem-número de conflitos. Conviver é mesmo complicado, e está cada vez mais difícil estabelecer relações saudáveis. Pensando nisso, o Laboratório Inteligência de Vida (LIV), programa de educação socioemocional presente em mais de 600 escolas de todo o Brasil, acaba de elaborar um manual gratuito, voltado para famílias e escolas, com uma série de dicas e reflexões para melhorar o dia a dia de todos.

O Manual de Convivência do LIV, que pode ser baixado no link https://materiais.inteligenciadevida.com.br/conteudo-manual-de-convivencia-page, faz parte da campanha “Conviver é conviver com”, que mostra a importância de se aceitar quem é diferente e o quanto é enriquecedor ter contato com outras ideias para aprender e ampliar a visão de mundo. O material conta com vídeos, entrevistas, dicas para famílias e educadores e está dividido em três módulos.  No final, os participantes ganham um certificado de participação.

No primeiro módulo, a terapeuta e mediadora de conflitos Monica Lobo destaca como tornar os ambientes familiar e escolar mais harmônicos e recomenda que todos pratiquem a escuta ativa.

“Precisamos de fala e escuta cuidadosas. Escutar não significa concordar, mas prestar atenção ao que o outro fala”, diz a terapeuta, que também atribui à dificuldade de convivência nas escolas muitos episódios de violência. “Muitos episódios de violência nas escolas estão ligados à exclusão da criança ou do adolescente, amplificada pelas redes sociais. E eles encontram nas redes o pertencimento, ficando na bolha dos que sofrem bullying, alimentando a vitimização. Isso está criando uma postura de revanchismo e ataques”.

O segundo capítulo foca na convivência em família. Muitas vezes, entre parentes, não somos cuidadosos na fala e extrapolamos limites porque temos certeza do afeto que nos cerca. A psicanalista e escritora Elisama Santos chama a atenção para a importância da comunicação não-violenta dentro de casa e também na internet, um espaço em que cancelamentos virtuais e cyberbullying não são incomuns.

 “A comunicação passa pelo tom da voz, pelo ritmo da fala. Uma mesma frase pode ter a interpretação de vários tons. Precisamos lembrar que a interpretação que damos ao que estamos lendo pode não ser a realidade, precisamos checar, realmente, se aquilo que interpretamos está correto”.

Segundo Ana Carolina de Medeiros, coordenadora pedagógica do LIV, os problemas de convivência se acentuaram após a pandemia de Covid 19. As famílias foram obrigadas a rever suas relações, sentimentos e espaços no ambiente compartilhado de suas casas. Crianças e adolescentes perderam o convívio físico com o meio escolar. “Os alunos voltaram ao convívio escolar com muitos questionamentos e a falta de respeito por regras. Foi uma espécie de desaprender a conviver”, ressalta.

Entre as sugestões do material para estreitar laços estão fazer atividades em família. Pais podem convidar os filhos para assistir um filme ou uma série e, depois, conversar sobre o que as crianças e adolescentes acharam, perguntar o que sentiram, explorar se elas comparariam alguma cena do enredo com algo que tenha acontecido com elas mesmas.

O material traz ainda uma cartilha para as escolas com plano de aula e sugestão de atividades com o tema “Desconstruindo o ciclo do bullying e do cyberbullying”.  O manual traz informações e números sobre o bullying e incentiva que os alunos façam uma reflexão sobre suas vivências.