Operação mira milícia envolvida em 20 mortes por disputa de mototáxi – Povo na Rua
         

Operação mira milícia envolvida em 20 mortes por disputa de mototáxi

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Diana Pires

A Polícia Civil e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) realizaram ontem a operação “Consagrado”, para cumprir 32 mandados de prisão preventiva e 71 de busca e apreensão contra a milícia que atua em Austin, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Até o fechamento desta edição, 15 suspeitos haviam sido presos. Entre eles, dois policiais militares na ativa e dois ex-PMs.

Eduardo Oliveira dos Santos, lotado no 21ºBPM (Mesquita), foi indiciado e denunciado por corrupção passiva. Segundo a advogada de defesa, Silvia Nathalia Rodrigues Cunha, 31 anos, o militar possui condições financeiras incompatíveis com as acusações. “Meu cliente tem condições financeiras incompatíveis com o que está sendo acusado. Mora de aluguel, inclusive”, defendeu ela.

De acordo com o MP, as investigações se iniciaram em agosto de 2019, por conta de um duplo homicídio ocorrido em Austin e foram descobertos vários indícios da prática do crime de organização criminosa. A denúncia contra a quadrilha aponta como lideranças do grupo Vladimir Guimarães Ferreira, o ex-policial militar Luiz Fernando Cardoso de Loiola, vulgo Nandinho, e Luiz Carlos Pereira dos Santos Cruz, vulgo Nem Corolla.

A investigação aponta registros de que o grupo exigia “taxa de segurança”, bem como pagamento de quantias por mototaxistas, para que estes pudessem circular livremente e, ainda, monopolizava o fornecimento de água e cesta básica, além de impor serviço clandestino de TV a cabo e internet.
O inquérito também comprova que a organização criminosa realizava o pagamento de propina para policiais militares lotados em Austin, regularmente, para que esses deixassem de repreender as ações do grupo. A investigação apurou que dentre os agentes que recebiam a propina estão os PMs denunciados Julio Cesar de Oliveira Silva e Eduardo Oliveira dos Santos, vulgo Dudu. Os dois também foram denunciados por organização criminosa e corrupção passiva.
A investigação também apontou indícios de uma aliança entre a organização criminosa e uma facção do tráfico de drogas, formando uma narcomilícia.